11.12.03

muitos como os chapéus

catorze horas e trinta minutos num café alentejano. dezoito clientes. quinze homens e três mulheres. doze dos quinze homens usam boné. um boné sai. boné e saco de plástico. entram duas gravatas. há música na parabólica. muito metal e uma voz de barítono do exército vermelho. mas podemos continuar. quantos óculos. quantas camisas aos quadrados. blusões versus casacos. sapatos, sapatilhas e botas. mas atenção, muita atenção que nas botas há duas subcategorias: atacadores e caneleiras. nuvens rápidas, sol na objectiva e aí vai disto. é um novo videoclip. continuando, se tivermos o privilégio de ver um homem que usa boné sem boné poderemos ver que a metade superior da testa está branca e metade do cabelo acachapado. o boné tira-se para dormir. em "O Largo", Manuel da Fonseca fala de quando os homens acompanhavam as mulheres à missa, não passavam do adro. não entravam em casas onde fossem obrigados a descobrir-se. desde que idade usam bonés? um boné que se preze está sebento na ponta e as marcas dos dedos não deixam mentir. outra música. uma montagem à maneira. eisentein trial. que vejo eu? vozes com bonés. há bonés na parabólica. americanos. mas bonés, quand même.