"Para "possuir" algo ou alguém é preciso não se abandonar a ele, não perder a cabeça, em suma, continuar a ser superior. Mas é lei da vida que "goza-se" só aquilo a que nos abandonamos. Foram pois espertos os inventores do amor a Deus: não existe outra coisa que ao mesmo tempo possa "possuir-se e gozar-se".
(diário) 16 de Novembro (de 1937), "Il Mestiere di Vivire. Il Mestiere di Poeta",
Cesare Pavese nasceu em 1908 e suicidou-se numa noite de Verão do ano de 1950 num quarto de hotel em Turim.
Conheci a obra narrativa de C.P. em Madrid e em espanhol, há mais de 10 anos, quando lá passei uns meses de programa Erasmus. Os livros estavam em saldo nas lojas vip. Agora recordo que comprei também as obras completas de Freud. Fiquei encantada com a busca do essencial, do traço essencial, do ruído essencial, do diálogo essencial, da colina essencial. Toda uma paisagem sussurrada e um tempo reconstruido onde moram os temas do instinto sexual, da aproximação amorosa, da amizade, das origens... É isso que retenho hoje dos belos livros de C.P. lidos à hora da siesta.
«L'unica gioia al mondo è cominciare. E' bello vivere perché vivere è cominciare, sempre ad ogni istante.»