Mostrar mensagens com a etiqueta cenas (minhas). Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta cenas (minhas). Mostrar todas as mensagens

6.4.12

I'm in town, so what

uns dias off e regresso para constatar que está tudo bastante online mas off

27.3.12

uma espécie de desabafo que não é bem

Cansaço. Amêndoas. Vinho branco. Cansaço. Gatos sós. Frio pelas manhãs. Vida breve entre estações sem chuva nem esplendor. Um candeeiro em vez da lua. Antes de fechar os olhos, oiço passos na escada. Amanhã acordarei cedo. Cortarei o cabelo. E mais isto e aquilo. E regressarei. À noite também está frio. E a vida continuará, com ou sem chuva, um candeeiro em vez da lua breve.

20.2.12

azul ou verde

Tinhas as unhas pintadas de azul. Azul ou verde. Lembrei-me de um azul da Renault, aí há uns anos também a Renault teve assim as unhas, pintadas de azul, metalizadas. Assim eram as tuas unhas. Abdico da exacta definição da cor. Ando a estudar Wittgnestein. Espero que se note.

13.2.12

acordei cedo

Uma espécie de empolgamento
acompanhou-me
nessa manhã
nesta estação
um inverno frio
neste momento
uma manhã em que acordei cedo e vi o rio
e pensei, Olha
o rio, e vi o céu e pensei,
Olha o céu, e vi as nuvens,
tantas nuvens,
e o céu por cima da minha cabeça,
tenho a certeza.
Se eu não tivesse
olhado para o rio, olha as nuvens,
olha o céu, etc., etc., teria lamentado
o estado do tempo, sim,
é o que toda a gente faz,
neste momento,
eu também
penso no frio,
e o verão, ah, bom, o verão
verão mais lá para o verão, sim
não posso negar
que olhei
para o rio e vi
o céu
e por isso posso esperar
com uma certa calma
sim, espero o sol
e o suor
sem reclamar .

2.2.12

fevereiro, com saudades de janeiro: exactamente

sem nada para dizer. nem novo nem velho. apenas isto: existo. que não é ex isto. nesse caso, antes ex aquilo. tenho dito.

28.1.12

26.1.12

sem título

não há nada a fazer, tudo está feito, não há nada, tudo está por fazer

20.1.12

esclarecimento

não me abandones
devagar
era o que eu queria
dizer
quando gritei

9.12.11

Carta ao Menino Jesus

Menino Jesus,
quero o oito e o oitenta,
tua
Fátima

2.12.11

2012

Comecei a ler o meu horóscopo chinês para 2012. Senti-me tonta. "Te espera un año donde tu sangre volverá a correr tumultuosa por tus venas...". Parei. É de amor que fala. Prosseguirei mais logo. Não aguento tamanha chama.

17.11.11

consolação

Virou-se para mim e disse, Sem vocês que seria da ficção. Sem vocês, quem, perguntei. Ora, sem vocês, os infelizes. Eu fiquei a olhar feita parva. Sem imaginação não há consolação. Há só necessidade.

14.11.11

factos

o vento desconhece os factos, qualquer deles
descompassado, sopra, árido,
ávido
em linha recta
escapo
até à próxima estação

os factos são recentes, vão e vêm
como uma batida no coração se instalam
ao fim de alguns quilómetros
o vento torna-se quase íntimo
páro
noventa e cinco ou noventa e oito octanas
três números fazem diferença
descanso, por um instante
quem me dera perto
duma macieira
cercada de formigas
em vez de vultos no alcatrão, em sobressalto
percebo que não são pétalas
o que vejo
nem óleo perdido
nem nada que se pareça
com as minhas pálpebras a descerem sobre mim, em marcha lenta
são bocados de papel rasgados por mãos recentes
que se devoraram
como factos inconclusivos
a caixa repete bomba seis, bomba seis
num último esforço
empurro com as duas mãos uma montanha
ao mesmo tempo penso, eis a realidade desfeita
de um momento para o outro

na autoestrada só há futuro

10.11.11

cinzas



fala mais baixo
por favor,
são seis da manhã
o ar quente sobe no meio do ar frio
queres chá
é uma questão de densidade, pura física,
com açúcar ou sem açúcar
fala mais baixo,
e olhávamos para cima
o fumo e a frase subiam até ao tecto,
sabes bem que é sem açúcar

em breve eu deixaria de fumar
e nas noites em que não fumo
que são todas
continuo a fumar nessas noites em que fumávamos
toda a noite
já não nos podíamos deitar
fumar era o único impulso vital
que nos era permitido
além de lavar a loiça do jantar

havia cinza
e copos vazios sobre a alcatifa
o fumo subia até ao tecto
e os livros ficavam marcados com contas por pagar
havia fumo cá dentro e frio lá fora,
nas noites em que te perguntava
se eu cair, levantas-me

9.11.11

primeira discussão


olha, olha uma flor
a flowering plant
so white
so cold
and green, my love
vamos ao campo apanhar flores
a flowering plant
so white
and green
mas não agora
que chove torrencialmente
my love, como é bela uma tempestade em pleno campo
com certeza, mas no campo não há paragens
de autocarros
para nos beijarmos
as tempestades são sempre belas
e no campo as folhas dos livros ficam húmidas no Inverno
o campo tem imensos defeitos
que bom, my love
desfazer entre as tuas mãos
as folhas dos livros
no Inverno

1.11.11

boxe

Eu sou pugilista, já estive no inferno cem vezes. Ensaie esta frase vezes sem conta e vai deixar de ter insónias, disse-me ele. Eu acreditei. Eu sou pugilista, ensaiei esta frase vezes sem conta, já estive no inferno cem vezes.

26.10.11

nuvens rápidas

Sim, estou num dia não. Detesto nuvens rápidas, gosto de chuva tropical, como disse, estou num dia não, os dias em que me conformo são dias não. Isto nunca acaba, é sempre assim nos dias não, de qualquer forma não acaba, nada começa num dia não. Mas o problema dos dias não não é esse, o problema dos dias não é que não se consegue parar os pensamentos. É certo que às vezes os dias são dias não porque não se consegue ter pensamento nenhum. Às vezes, esses dias de pensamento vazio são dias sim. Então, onde está a diferença? Do mesmo modo, nos dias sim, tal como nos dias maus, os pensamentos também não páram. A diferença é que nos dias sim o corpo tem uma medida e nos dias não os pensamentos não se cansam.

17.10.11

presa

era uma rapariga que sorria da cabeça aos pés,
e quando apanhava o cabelo o sorriso começava lá mais atrás, na curva do pescoço,
e eu ficava a ouvir as fibras dos músculos do pescoço,
e quando ela falava, eu olhava para a sua voz, que é a coisa que mais se parece com a noite, a voz,
e imaginava-a de noite, a uma janela, nas traseiras da casa,
provavelmente numa encosta desabrida,
via-a sorrir quando andava e quando ficava
parada, e também quando se desviava
das mesas e das cadeiras, e por aí fora
incluindo
o traço
das sobrancelhas,
incluindo quando se inclinava
e do cigarro caía
a cinza
ainda a arder,
e em mim entrava uma alegria
que nunca tive,
eu preciso dessa alegria,
há pessoas que precisam de crédito ou de magnésio, eu preciso dessa alegria,
vê-la assim sorrir não me deixava
dormir,
dava-me tonturas e fazia-me vaguear,
ela sorria contra tudo e eu amava-a contra tudo
inteiramente ela sorria, sim, era só isso
até se esgueirar como um cão de caça atrás do sangue

5.10.11

folhas

fossem realistas as folhas das árvores 
bravas 
e arderiam em fogueiras 
breves
se fossem realistas
ninguém as encontraria 
ao amanhecer


28.9.11

entre outras

Nos nossos dias, as pessoas carregam sacos de plástico para pôr no lixo sacos de plástico e usam com muita convicção e pundonor as palavras "confortável", "inspiração" e "narrativa".

23.9.11

aventuras

Ando a experimentar coisas novas. Ontem foi mousse de maracujá.