30.11.07

paisagem

Imaginassem as amendoeiras
que estamos em pleno outono.
Vestem-se como.

Púrpura, ouro,
estão perfeitas como estão:
erradas.

Pudesse um poema, um amor,
pudesse qualquer esperança
viver assim o engano:

beleza, beleza,
beleza,
mais nada.

EUCANAÃ FERRAZ
lido no Porto, em casa da Branca, a única pessoa que eu conheço que compra revistas literárias

25.11.07

de oito em oito dias

Faz hoje oito dias, acabei o trabalho no "Dia do Regicídio" e com ele a série de fotografias "os regicidas", segundo a encomenda que a mim própria fiz: uma fotografia por dia de rodagem, com primazia aos meus colegas da equipa técnica ( do caderno de encargos constava ainda mais meia dúzia de coisas: não fazer imagens da obra em causa; não usar a luz construída para as cenas; etc).
As fotografias em rodagem, actividade que só descobri no penúltimo trabalho - Call Girl -, têm sido para mim uma muito agradável surpresa porque com elas consigo aquilo que raramente consigo durante uma rodagem: ter uma coisa minha, só minha, para fazer. Mas, por agora, chega de fotografias.
Faz hoje oito dias acabei então o trabalho e dez minutos depois percebi que estava estupidamente com gripe. Só ontem me levantei.
Amanhã parto para o Porto. De hoje a oito, penso recomeçar a escrever aqui. Finalmente.
Tenho saudades de Castafiori, do Puma Branca, dos trolhas e dos rapazes do talho, de todos os empregados de café, das manicures e das mulheres da padaria. Tenho saudades das citações, dos cigarros a arder, das graças ouvidas na rua, dos telefonemas e dos poetas românticos. Voltarei com o shop suey que deixei a meio e também com o novo infantário da Rosário. And last, com Elf, personagem que, como tal, entrou na minha vida vai para dois meses.