30.4.07

mais romantismo

Desce por fim sobre o meu coração
O olvido. Irrevogável. Absoluto.
Envolve-o grave como véu de luto.
Podes, corpo, ir dormir no teu caixão.

A fronte já sem rugas, distendidas
As feições, na imortal serenidade,
Dorme, enfim sem desejo e sem saudade
Das coisas não logradas ou perdidas.

O barro que em quimera moldaste
Quebrou-se-te nas mãos. Viça uma flor...
Pões-lhe o dedo, ei-la murcha sobre a haste...

Ias andar, sempre fugia o chão,
Até que desvairavas, do terror.
Corria-te um suor, de inquietação...

Camilo Pessanha

CLÉPSIDRA
e outros poemas

Publicações Anagrama

29.4.07

a tecnologia, a lingua de Camões, o este, o oeste e o Brasil

"Aqui tenho um Mac Mini igual ao seu e não dá esse problema não. No trampo, ele só funfa dando boot pelo externo (Seagate 200gb 8mb cache e 7200RPM). Qdo levo pra casa, dou boot pelo HD interno (40Gb original) e trabalha direitinho, mesmo plugando HD externo (FireWire/USB), inclusive qdo ripo dvd pelo MacTheRipper e arrasto o DVD para o hd externo."

28.4.07

hoje de manhã no metro (à saída)

DSC01829© fatima ribeiro2007DSC01829© fatima ribeiro2007

hoje de manhã no metro (ao meu lado)

DSC01814© fatima ribeiro2007DSC01814© fatima ribeiro2007

hoje de manhã no metro (à minha frente)

DSC01824© fatima ribeiro2007DSC01824© fatima ribeiro2007

hoje de manhã no metro (atrás de mim)

DSC01807© fatima ribeiro2007DSC01807© fatima ribeiro2007

die rose

A Rita ofereceu-me um livro e um café cubano. O primeiro antes e o segundo depois do almoço. Não fumámos. A Rita queria fumar, mas eu convencia-a. Eu sou muito convincente. O livro não me era destinado mas sim a um músico que fizera anos. O músico felizmente já o tinha e, se isso não bastasse, interveio um segundo felizmente: felizmente a Rita também já tinha o livro. Foi assim que herdei o livro, este livro. Este livro tem um título, A Rosa, e um autor, Robert Walser, uma data e um título original, para abreviar , Die Rose - 1925 . Hoje ao acordar jurei que explicaria tudo assim, muito bem explicadinho. Obrigada Rita. Acho que vou ficar sob influência. A Rita também me ofereceu o almoço.

eclipse

DSC01734© fatima ribeiro2007DSC01734© fatima ribeiro2007

do avesso

DSC00706a© fatima ribeiro2007DSC00706a© fatima ribeiro2006

27.4.07

livro de bolso

A viúva segurava o livro, um livro de bolso da colecção vampiro. Usava óculos, aros cor de prata, lentes castanhas, claras, uma espécie de óculos de sol para interiores. Enquanto lia, levava uma das mãos ao peito e ali a deixava em repouso. Uma mão aberta sobre o peito, a impedir talvez que o seu coração explodisse ou talvez uma coisa menos dramática, como segurar a alça rebelde do soutien.
Consegui ver o nome do autor, Rex Stout, mas não o título. Isso permitir-me-ia avançar com outras bases para o nobre exercício da especulação. Lamento não o poder fazer. Para que ninguém fique defraudado, socorro-me da cor da capa e deixo aqui uma pista e uma possiblidade: Nero Wolfe, The Red Box.
Mas nada disto, é claro, substitui a rede de hipóteses que a figura da viúva, ali plantada às 4 da tarde, merecia. Por um momento, descansou a mão sobre a tampa da mesa mas rapidamente a devolveu ao peito. Foi assim que eu vi que a mulher era viúva. Tinha duas alianças. Rex Sout ainda consola viúvas.

26.4.07

telefone imprevidente

- Quem é? Perguntou Madame Castafiori. Do outro lado, ouviu uma voz de homem: - Telefones. Telefones ? Madame Castafiori interrogou-se, pensou em devolver a questão, pensou mas não disse, não devolveu. Em vez disso agiu, fazendo o que não se deve fazer: abrir a porta.

- Que estupidez, veio a admitir uma hora mais tarde, diante do senhor agente que compareceu no local. - Sabe, é a curiosidade que faz as pessoas fazer coisas destas, sem pensar duas vezes. - Que coisas, minha senhora? - Ora, que coisas, senhor agente, abrir as portas.

Madame Castafiori, embora hesitante quanto a alguns detalhes, soube descrever de um modo que foi considerado satisfatório o aspecto do homem. - Quando ele me perguntou se eu tinha internet, eu vi logo, senhor agente. -Foi nessa altura que fechou a porta? - Sim, foi nessa altura.

Havia qualquer coisa no olhar do sujeito, explicou-me mais tarde pelo telefone, ainda dividida quanto ao recurso às forças da ordem. - Fiz bem em comunicar à polícia, não acha? Eu concordei, mas não deixei de insistir: - Mas explique-me lá isso da curiosidade... Tal como eu previa, Madame Castafiori não se fez rogada. - Sim, é a curiosidade a origem de toda a imprevidência. Mas você que tem gatos devia estar familiarizada com o tema. - Gatas, corrigi eu, sabendo que, admiradora da língua inglesa, Madame Castafiori prefere pensar nos felinos usando um it definitivo. - Não interessa, a curiosidade move-nos. Aliás, o senhor agente também concordou.

Calei-me com grande dose de cálculo e sibilina distracção. Deixei o silêncio pairar. Controlei o tempo e depois avancei, fingindo um interesse difuso: - Parece-me que o senhor agente a impressionou. Voltei a fazer uma pausa. Ouvi Castafiori inspirar. Tinha chegado a hora da pequena confissão nocturna. Sentia-a ali, prestes a saltar do outro lado do telefone. - Sabe, sou sensível às fardas. Eu ri-me. - Não sei do que é que se ri, é um clássico do comportamento feminino.

Com que então um clássico. Madame Castafiori saiu-me uma clássica, a clássica imprevidente.

25.4.07

o queque

Vou pedir aquele queque. É o último. Não quer provar ? Não, não, que assim não consigo. Ai não consegue, não, nem assim nem de maneira nenhuma. Só no caso de termos um desgosto muito grande é que se consegue, mas tem que ser mesmo muito grande. Pois é, se for pequeno também não se consegue, é verdade. Por isso, já vê, tanto faz. Coma lá um bocadinho do queque que emagrecer já não emagrece. Vou provar, mas só um bocadinho. Só para dizermos que não comemos nada.

24.4.07

linha

DSC01688© fatima ribeiro2007DSC01688© fatima ribeiro2007

curso breve

OFICINA IRRITADA
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro,
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sobre o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
Carlos Drummond de Andrade

Claro Enigma, Livros Cotovia, Curso Breve de Literatura Brasileira

23.4.07

troca de lugares

Ora essa. Não, não, por amor de Deus, venha para aqui. Não, não me importo nada. A senhora gosta de estar aqui e a mim não me faz diferença. Eu sei que a senhora gosta deste lugar. E a mim não me faz diferença. Não, não, não me importo nada. Venha para aqui, por amor de Deus. Ora essa.

22.4.07

riscos

Feira Nova da Boavista, na fila para a caixa. Enquanto a empregada registava 12 rolos de papel, mais um kilo de carne para assar, mais duas latas de atum, mais um pacote de massas milaneza, mais, mais, a interlocutora fazia-se ouvir alto e bom som.
Mas ele tem de arriscar. Uma pessoa tem de arriscar (...) é o que eu te digo, tudo na vida tem o seu risco (...) Hum, hum. (...) Ah, ele é desses?! (...) Havia de ser comigo (...) Pois, pois, uma coisa te digo eu: não tenho paciência. É que não tenho paciência nenhuma para esse género. Não tenho mesmo paciência nenhuma o que é que queres? (...) Imagino (...) deves ter respirado fundo várias vezes (...) Pois, calculo (...) Deixa estar, que eu resolvo (...) Ai tu gostas dele? Ó filha, já podias ter dito!

21.4.07

20.4.07

personagem mistério

Ao balcão, distanciados do resto da clientela, estavam: o farmacêutico, o filho do dono da papelaria e X, a personagem mistério. Numa estimativa rápida, os três teriam praticamente a mesma altura, um metro e setenta e seis. Um grupo coeso, portanto. O farmacêutico e o filho da dono da papelaria conversaram o tempo todo. Quando voltei a olhar, a personagem mistério já lá não estava. Mas só a personagem mistério. Os outros continuavam a conversar.

19.4.07

um dia serei pó

AMOR CONSTANTE MÁS ALLÁ DE LA MUERTE
Cerrar podrá mis ojos la postrera
Sombra que me llevare el blanco día,
Y podrá desatar esta alma mía
Hora, a su afán ansioso lisonjera;

Mas no de esotra parte en la ribera
Dejará la memoria, en donde ardía:
Nadar sabe mi llama el agua fría,
Y perder el respeto a ley severa.

Alma, a quien todo un Dios prisión ha sido,
Venas, que humor a tanto fuego han dado,
Médulas, que han gloriosamente ardido,

Su cuerpo dejará, no su cuidado;
Serán ceniza, mas tendrá sentido;
Polvo serán, mas polvo enamorado.

Francisco de Quevedo,
1580-1645

18.4.07

inox sed lex

Chegou a máquina. A máquina é desembrulhada. Inox, botões para isto, botões para aquilo, tampa de segurança, 'tá a ver, tudo em inox, cada coisa sua velocidade, tudo em inox. E para que é que serve? Serve para tudo. Isto que aqui está é um espectáculo. Estava-me a dizer que servia. Ó Doutora serve para tudo. Ó senhor Almiro, já percebi que deve dar jeito. E toda em inox. A D. Julinha não gosta da máquina nova? Por mim, a outra servia, já a temos há tanto tempo. Não ligue, por vontade da minha mulher nunca se comprava nada novo. Compara-se lá, esta máquina é um espectáculo. Pois é, D. Julinha, o seu marido tem a sua razão, e depois é toda em inox, 'tá a ver. Por minha vontade, não se comprava esta. Foi muito cara? Cara foi, mas é uma maravilha. Faz tudo. Não ligue ao que diz a minha mulher. Bom, até logo, está aqui o dinheiro do café, D. Julinha. Sabe a gente afeiçoa-se às coisas. Estou triste, pronto.

17.4.07

coroa de espinhos

Não posso dizer que estivesse calma. A freguesa estava até um bocadinho inflamada. Assim me pareceu ao ouvi-la. A partir daí interpretei. E o que é que eu ouvi? - Os santos não fazem nada. É só Deus. Só Deus pode fazer alguma coisa. Foi isto que eu ouvi.

A florista concordou. Estive vai não vai para me benzer antes de sair.

16.4.07

o vidro partido

É preciso começar por dizer uma coisa: partido, partido o vidro não está. Quer dizer, o vidro está partido mas não completamente. Chega a meio e a fractura pára. Parou. O vidro ficou rachado, fendeu, não sei que palavra escolher, não interessa, não vou agora estudar continuidade matemática, geométrica, paramétrica por causa da porra dum vidro.

Reparei no vidro partido esta manhã quando passei. A fractura parte do limite lateral direito, a um quarto da altura a contar do chão, e vai em linha saltitante, ziguezagueando, ascencional, até quase ao lado esquerdo. Mas não chega lá. Quando se aproxima, pára. Parou.

Nestas primeiras declarações sobre o assunto, feitas assim a quente, gostaria de esclarecer dois pontos. Primeiro, ninguém me garante que a fractura não tenha tido origem no centro e vindo a derivar para os lados, ou que não tenha começado perto do lado esquerdo e progredido até ao limite direito. É um caso de polícia científica. Parou.

O segundo ponto refere-se ao seguinte: eu disse que parte do lado esquerdo para o direito. Mas eu disse isso porque entretanto tinha entrado e estava do lado de dentro do café. Se estivesse do lado de fora, teria dito lado esquerdo. Isto se não estivesse de costas, porque se estivesse de costas, teria dito à mesma lado direito. (uff, estou cansada, geometria e linguagem, que mistura explosiva, até me deu vontade de fumar, por isso parei aqui, parou.)

15.4.07

14.4.07

NIB

No banco. Atrás de mim, um telemóvel que toca, toca e volta a tocar; alguns clientes viram-se com cara de maus; os caixas cravam os olhos para além de mim. Eu verifico os bolsos angustiada. Encontro o jovem siemens e descontraio em face do seu mutismo. Mas o toque continua. Finalmente uma voz que responde.

'Tou ? O que é que queres? (...) 'Tou onde? 'Tou na farmácia. (...) Não. (...) Vá, depois eu ligo (...) beijinhos (...) vá, beijinhos (...) beijinhos.

13.4.07

field must not be blank

LOS LUGARES MARCADOS
Los lugares marcados donde casi te tuve.
Una playa encendida a orillas del verano,
una mesa en un bar, un alero de sombra,
un camino de tierra oscurecido y solo
donde creció el deseo como una hierba amarga.
Tengo un mapa aprendido de memoria, un pequeño
mapa (apenas tamaño de una gota de lluvia)
señalado con cruces rojas igual que besos.

Josefa Parra
"Alcoba del agua" 2002

12.4.07

vocação perdida

Em criança, Madame Castafiori queria à viva força ser escuteira. Sonhava com o apito, a faca de mato, a lanterna, uma bússola pendurada. Madame Castafiori gosta de coisas penduradas. Imaginava-se a recolher pegadas em gesso, a mover-se de árvore em árvore, de rochedo em rochedo, calmamente, by the book. Sentir o frio da fivela do cinto , filtrar a água do rio, montar estacas a 45º, atear um fogo, respirar debaixo de água, todo um mundo diante da jovem Castafiori, menina e moça, ainda em casa de seus pais, a sonhar, a sonhar. Como Madame Castafiori desejou ser escuteira! De nada lhe valeu. A mãe opôs-se. Madame Castafiori chorou baba e ranho. A mãe foi irredutível. Deu no que deu.

10.4.07

a eloquência do trolha

Ao ver a rapariga aproximar-se no seu vestido verde - verde como algumas maçãs que o senhor Necas expõe no exterior da mercearia -, o trolha entreabriu a boca num longo sorriso e o sorriso revelou a mosca que deixara crescer sob o lábio inferior. Cessou o ruído da pá contra a calçada e a areia grossa caiu-lhe para cima das botas. Depois disse quando a rapariga passou do outro lado da rua:
- Tão verde e já se comia tão bem.
A rapariga fez de conta que não era nada com ela. O vestido fora estreado na Páscoa e estava destinado a ser a sensação daquela Primavera. Continuou num passo que vacilava uma e outra vez mas só na sua cabeça. Não podia corar, não podia corar, não podia corar. Quando a rapariga desapareceu na esquina da mercearia do Necas ouviu-se o raspar da pá na calçada e o rapaz juntou uma porção de cimento e duas de cal para oito de areia.

9.4.07

profilaxia

Às nove da manhã entrei num café. Fiquei a cheirar a fumo para o dia todo. São assim os malefícios do tabaco. Bem andaram os bem pensantes do projecto legislativo anti-tabaco. Parece que está previsto não se poder fumar nas prisões.
- Nas prisões?! Exclamou o meu amigo do outro lado do telefone. A ressocialização tem de começar por algum lado. E como prevenção promete tornar-se imbatível. Quem é que vai começar a fumar sabendo que se for dentro nem a um cigarrinho terá direito ?

Já lá dizia o Marquês de Beccaria: “É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bem e dos males desta vida."

8.4.07

aos domingos a gata Vera

DSC01595© fatima ribeiro2007DSC01595© fatima ribeiro2007

batatas fritas

O Homem Do Boné dobra a ementa e olha para o lado. O Homem Do Lado levanta-se. Nessa altura o Homem Ao Lado do Homem Do Lado cruza os braços. Tem umas sapatilhas puma, de cor preta, puma branca. Quer dizer, quem tem as pumas é o Homem ao Lado. Nada de confusões.

O Homem Do Boné tira o boné, e passa a ser, portanto, o Homem Que Tinha O Boné em vez do Homem Do Boné. Quando o Homem Que Tinha O Boné tira o boné constato, sem espanto, que tem o cabelo todo branco, como a puma branca das sapatilhas pretas do Homem Ao Lado. Solitário na mesa antes do expositor de sobremesas, o Homem Que Tinha O alisa a toalha de papel com as mãos e, talvez cansado de esperar, examina com minúcia as unhas da mão direita, passando a unha do indicador da mão esquerda por todas e cada uma das unhas da mão direita. Olha para o lado. O Homem Do Lado claro que já lá não está. Levantou-se logo ao princípio e por isso apenas poderá imaginar este espisódio ou talvez o pressentisse e essa é a razão de se ter posto a andar. Não sei. Quem lá está é o outro, o das sapatilhas, o Puma Branca.

Chega o Empregado com o prato e uma imperial e serve o Homem Que Tinha O Boné. Smily, smily. O Homem Que Tinha O Boné sorve a espuma da imperial, sacode as mãos uma na outra e depois, nas calmas, tira uma batata frita com a mão direita. Lamentavelmente não reparei se tinha o dedo mindinho levantado. Tivesse ou não, o certo é que a seguir se veio a passar isto: o Homem Que Tinha O pôs a batata ao nível dos olhos e olhou-a demoradamente, virando-a e revirando-a, e depois cheirou-a. Quase que posso jurar que fechou os olhos. Prime-a entre o indicador e o polegar, passa-a para a mão esquerda e a partir daí era uma vez uma batata. Come-a, enrola-a, mastiga-a e tudo isto ali, em pleno dia. O Homem Que Tinha O Boné parece de facto gostar de Batatas Fritas. Mas nisto, verifico, não está só. O Puma Branca também não tira os olhos das batatas fritas.

Então fiquei a pensar no seguinte: mas porque é que as pessoas, com ou sem boné, dificultam a este ponto a Existência ? Tanto sofrimento que poderia ser evitado. Bastaria, por exemplo, ao Puma Branca dirigir-se ao Homem Que Tinha O Boné e dizer: não se importa que prove as suas batatas fritas ou então, tendo constatado o desejo irreprimível do Puma Branca, o Homem Que Tinha O Boné poderia ter dito: não quer ter a amabilidade de me acompanhar nestas batatas fritas, ou poderíamos mesmo pensar no Puma Branca a dizer: parecem deliciosas essas batatas fritas, ao que o outro responderia: quer ter a amabilidade de me acompanhar ou, no caso de uma cena de engate, a resposta poderia inclusivamente ser : fosse eu batata frita. Sei lá, há gajos para tudo. Mas uma coisa posso garantir: as batatas fritas não tinham nada mau aspecto.

7.4.07

a força do romantismo

Nunca Entregues Todo o Coração
Nunca entregues todo o coração, pois não vale
Muito a pena pensar no amor
Das mulheres apaixonadas desde que firme
Nos pareça, e nunca elas imaginem
Quanto vai definhando de beijo para beijo,
Pois tudo o que nos seduz mais não é
Do que fugaz deleite, doce e sonhador,
Oh, nunca entregues o coração completamente
Pois elas, por mais que os suaves lábios o afirmem,
Entregaram ao jogo os seus corações.
E quem poderá ainda jogar bem
Se estiver surdo, mudo e cego de amor?
Aquele que fez isto sabe o quanto custa
Pois entregou todo o coração e perdeu.
W.B.Yeats

"OS PÁSSAROS BRANCOS
e outros poemas"


Never Give All the Heart
Never give all the heart, for love

Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that's lovely is
But a brief, dreamy, kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.

Relógio d'Água
tradução de M.Lourdes Guimarães e Laureano Silveira

6.4.07

tribas e tribalistas (epis.104)

Anteriormente em "Tribas e Tribalistas":
ATQSE percebe Finalmente que esteve Afinal um julgamento. Agora é tarde, pensa ATQSE. Agora é tarde para quê? Como se teria comportado ATQSE se soubesse que estava Realmente num julgamento? Nunca saberemos. Foi, aliás, o que a dado momento ATQSE disse, virando-se para a SDJ. Mas isso agora não interessa. Se ATQSE visse menos filmes tinha sabido desde sempre que Aquilo era um julgamento. Mas isso agora não interessa.

Ne révélez jamais votre mot de passe ou votre numéro de carte bancaire lors d'une conversation sur messagerie instantanée. Pour éviter les risques d'infection par un virus ou un ver informatique, n'acceptez et n'ouvrez jamais un fichier ou un lien dans un message instantané avant d'en avoir vérifié l'authenticité auprès de l'expéditeur.


T. dit : (22:04:51)
compreendo que estejas desiludida
fátima dit : (22:05:17)
ouve lá, mas nos julgas não há testemunhas dos dois lados? só havia testemunhas da A
T. dit : (22:05:21)
es verdad
fátima dit : (22:05:23)
ouve
fátima dit : (22:05:32)
e os outros palhaços?
T. dit : (22:05:35)
estou ouvir
T. dit : (22:05:40)
quais palhaços?
fátima dit : (22:05:50)
as outras testemunhas? seriam à tarde?
T. dit : (22:06:05)
querias que tb estivessem no gabinete, não ?
T. dit : (22:06:25)
se calhar estavam à espera de ser ouvidos no átrio ou na sala de recolha de testemunhas. não podem estar a ouvir-se uns aos outros
fátima dit : (22:06:45)
não, mas nos outros julgas q por lá havia, o funcionário avisava q as testemunhas não podiam falar...
T. dit : (22:06:52)
só ficam na sala depois de ouvidos
fátima dit : (22:07:01)
mas aquilo não era sala
T. dit : (22:07:07)
não podiam falar com quem ?
fátima dit : (22:07:16)
umas com as outras
T. dit : (22:07:26)
é o que digo, foste ludibriada
T. dit : (22:07:36)
pois não, mas esperam todas juntas
fátima dit : (22:08:10)
e éramos todos da A
T. dit : (22:08:12)
espera.
fátima dit : (22:08:15)
espero

T. dit : (22:08:45)
pois e esperaram onde ?
fátima dit : (22:08:48)
eu até tive oportunidade de explicar à SDJ que os 2 primeiros testigos eram muito meus amigos
T. dit : (22:08:54)
no átrio ?
fátima dit : (22:08:59)
no corredor
fátima dit : (22:09:04)
num banquinho
T. dit : (22:09:08)
pois e ela comovidissima com a história
T. dit : (22:09:35)
e tu foste a primeira a entrar na tal salinha ?
T. dit : (22:09:57)
se calhar não deste conta que estava o outro grupinho das testemunhas do Réu noutro banquinho
fátima dit : (22:10:04)
eu fui a última
fátima dit : (22:10:10)
não, o pessoal conhece-se todo. espera
T. dit : (22:10:14)
espero

fátima dit : (22:10:32)
(de volta)
T. dit : (22:10:31)
e estiveram a fazer o quê, entretanto ? naturalmente a dizer mal das testemunhas do Réu
fátima dit : (22:10:41)
não, elas não estavam lá, já te disse e seja como for dizemos mal uns dos outros mas é sem querer, não é por ser do réu ou do autor, é um vício como outro qualquer, olha como a alma, a alma é um vício, sabias?
T. dit : (22:10:58)
como testemunhas da A. que se prezam de o ser e não metas a alma nisto, por favor
fátima dit : (22:11:11)
estás muito segura q a malta do lado da A morra de amores pela A
T. dit : (22:11:28)
UPs, isso é que já não é normal
T. dit : (22:11:34)
e não fica bem as testemunhas dizê-lo
fátima dit : (22:11:41)
e não dissemos, eu é que estou a dizer, é um género dum "supónhamos"
T. dit : (22:12:13)
bom e então tu foste a última e os outros ficaram à tua espera ?
T. dit : (22:12:17)
no banquinho
fátima dit : (22:12:17)
sim
fátima dit : (22:12:25)
para falarmos do Benfica
T. dit : (22:12:32)
amiguinhos mesmo
fátima dit : (22:12:34)
ainda não tínhamos falado do Benfica
T. dit : (22:12:41)
ainda bem que encontraram aquele banquinho
fátima dit : (22:12:51)
tu não estás a perceber, a malta precisa mesmo de falar do Benfica, é uma coisa que ultrapassa o livre arbítreo
T. dit : (22:12:41)
por causa dos árbitros?
fátima dit : (22:12:52)
não gozes; foi um dia inesquecível
T. dit : (22:13:16)
foi uma GRANDE tarde, tipo a ida pela primeira vez à praia
fátima dit : (22:13:29)
manhã, como a ida pela primeira vez à praia
T. dit : (22:13:48)
espero que tenha sido devidamente tratada no blogue
fátima dit : (22:14:01)
por acaso até não, fiquei à porta da secção, ou da vara. sei lá
T. dit : (22:14:12)
mas terá de o ser
T. dit : (22:14:28)
diz-me foi no Palácio da Justiça
fátima dit : (22:14:33)
sim
T. dit : (22:14:49)
cível
fátima dit : (22:14:54)
cível
fátima dit : (22:15:07)
4º andar
fátima dit : (22:15:21)
elevador: 12 pessoas, 900Kg
fátima dit : (22:15:24)
carga máxima
T. dit : (22:15:36)
?
fátima dit : (22:15:46)
estava a descrever o elevador
T. dit : (22:16:09)
tinha boas condições ?
fátima dit : (22:16:13)
tenho q ir jantar
fátima dit : (22:16:28)
sim, o elevador, o corredor, o banco, e a salinha pra salinha nem estava mal
T. dit : (22:16:29)
e eu tenho que trabalhar
T. dit : (22:16:33)
adeus beijos
fátima dit : (22:17:42)
espera. olha mas aquilo foi mesmo um julgamento, não foi?
fátima dit : (22:17:50)
não vou dar barraca no blogue, pois não? Cada um tem o seu quesito 27, não é? afinal, eu também tenho a minha reputação. Olha, ainda aí estás?

fátima dit : (22:17:59)
beijos

5.4.07

adeus Porto (3)

Imag052© fatima ribeiro2007
Imag052© fatima ribeiro2007

adeus Porto (2)

Imag044© fatima ribeiro2007
Imag044© fatima ribeiro2007

adeus Porto (1)

Imag096© fatima ribeiro2007
Imag096© fatima ribeiro2007

tribas e tribalistas (epis.103)

Anteriormente em "Tribas e Tribalistas":
A lot of estratégia e sangue frio permitiu ATQSE não fazer má figura, só se sentando na cadeira diante do microfone após convite expresso da SDJ - senhor(a) doutor(a) juiz(a). Depois responde serenamente ao 27. Afinal de contas, e no que à ATQSE concerne, a Grande Razão de Ser está no quesito e o Quesito, no caso sub judice, era o 27.

T. dit : (21:57:36)
essa conversa com a juiza
T. dit : (21:57:38)
e o advogado, se não era um julgamento, o que é que era?
fátima dit : (21:57:41)
sei lá eu o que é que era…alguma diligência, não?
T. dit : (21:57:46)
espera
fátima dit : (21:57:50)
espero

T. dit : (21:58:05)
vamos lá a ver: foste para uma sala com os juizes no cimo
T. dit : (21:58:14)
e os advogados de lado
T. dit : (21:58:21)
e ficaste em frente a uma cadeira e um mircrofone
fátima dit : (21:58:26)
não, era um gabinete pequeno com a malta distribuida como numa sala de audiencias
T. dit : (21:58:28)
e disseste que juravas dizer a verdade ?
fátima dit : (21:58:38)
disse q jurava, claro que disse. achas que fiz mal?
T. dit : (21:58:41)
tudo de beca ?
fátima dit : (21:58:44)
tudo de beca
T. dit : (21:58:49)
então era um julgamento
fátima dit : (21:58:53)
aquilo é que é um julgamento? Tanto estrilho por causa daquilo e aquilo é que é um julgamento?
T. dit : (21:58:59)
só que não foste para a sala
fátima dit : (21:59:07)
sabia lá eu
T. dit : (21:59:14)
e o Advogado do Réu não perguntou nada ?
fátima dit : (21:59:18)
não
T. dit : (21:59:26)
quantos fardados havia ?
fátima dit : (21:59:31)
todos menos eu. eu e o réu
T. dit : (21:59:38)
todos quantos ?
fátima dit : (21:59:47)
o funcionário - 1
fátima dit : (21:59:50)
a SDJ - 2
T. dit : (21:59:50)
o Réu tb lá estava !
fátima dit : (21:59:59)
o advogado da A - 3
T. dit : (22:00:02)
sentado ?
fátima dit : (22:00:05)
a advogada do réu - 4
T. dit : (22:00:07)
espera
fátima dit : (22:00:20)
espero. (o Réu estava sentado, coitado, querias q estivesse de pé?)

T. dit : (22:00:50)
a juiza deu a palavra ao advogado do Réu ?
fátima dit : (22:00:55)
deu
T. dit : (22:01:00)
disse assim virando-se para ele "sr. dótor" ?
fátima dit : (22:01:00)
achas q devo impugnar?
T. dit : (22:01:11)
ele: não quero nada Srª J.
fátima dit : (22:01:17)
ela
fátima dit : (22:01:24)
grunhiu algo
T. dit : (22:01:27)
esse julgamento foi muito chunga !
fátima dit : (22:01:40)
é pá, não me deprimas
T. dit : (22:01:40)
pois deve ter grunhido que não queria nada, desculpa lá, mas o que é que queres que eu faça? já tens idade para ouvir umas verdades sem entrares em depressão
T. dit : (22:01:47)
que merda de julgamento
fátima dit : (22:01:50)
daqui a nada a culpa é minha
T. dit : (22:01:56)
que coisa !
fátima dit : (22:02:04)
mas escusavas era de falar assim
T. dit : (22:02:11)
assim como? como é que queres que eu fale? os julgamentos à séria são 3 juizes fardados, empoleirados na bancada superior
T. dit : (22:02:38)
mais o Procurador fardado empoleirado tb na bancada superior
fátima dit : (22:02:52)
mas não era caso de procurador a meter o nariz
T. dit : (22:02:57)
mais os advogados (um de cada lado) nas bancadas laterais
T. dit : (22:03:21)
mais um funcionário em frente a um computador na secretária ao nível dos advogados
T. dit : (22:03:46)
mais as tristes das testemunhas em baixo com a cabeça esticada para olhar pros juizes
fátima dit : (22:03:50)
tás a querer dizer o quê? que aquilo foi uma fraude? que me meto em ambientes marados ? É pá estou a começar a passar-me
T. dit : (22:04:05)
Deixa-te de fitas. Mais vale encarares as coisas como elas são. Esse julgamento foi chunga até dizer chega.
fátima dit : (22:04:11)
Fitas? se fosse contigo eu queria ver. então uma pessoa anda um mês a concentrar-se para quando chegar lá não se sentar logo na puta da cadeira e agora queres que eu tenha o quê? fair play?!

3.4.07

tribas e tribalistas (epis.102)

Anteriormente em "Tribas e Tribalistas":
na condição de testemunha, ATQSE vai pela primeira vez pôr os butes num julgas ou julga que vai. Sobe num elevador com capacidade para 12 pessoas e 900kg e trava conhecimento ou pensa ter travado com dois outros elevados:o Jeitoso e a Supracitada. Apresenta-se, com um saco cheio de tralha, um OPI e dez minutos de antecedência, à porta da secção tal da vara tal e tal onde está o processo tal e tal com a referência tal e tal. Mais declara ATQSE não ter deixado nada ao acaso.


Ne révélez jamais votre mot de passe ou votre numéro de carte bancaire lors d'une conversation sur messagerie instantanée. Pour éviter les risques d'infection par un virus ou un ver informatique, n'acceptez et n'ouvrez jamais un fichier ou un lien dans un message instantané avant d'en avoir vérifié l'authenticité auprès de l'expéditeur.

fátima dit : (21:16:42)
panda 1 hello
T. dit : (21:17:00)
olha, olha, gaivotas em terra. espera um bocadinho.
fátima dit : (21:17:07)
espero

T. dit : (21:17:28)
e o tribunal ?
fátima dit : (21:17:34)
qual tribunal?
T. dit : (21:17:48)
o tribunal. atina. qual tribunal ? andaste não sei quanto tempo, escreveste
fátima dit : (21:18:04)
ah! o tribunal!
T. dit : (21:18:18)
sim, o tribunal!
fátima dit : (21:18:34)
então eu fui ao tribunal mas isso já foi p'raí há duas semanas, fiquei muito orgulhosa, sabes
T. dit : (21:18:59)
falaste com o Juiz(A)
fátima dit : (21:19:16)
falei e fiquei muito orgulhosa porque não me sentei logo e a SDJ
T. dit : (21:19:36)
a SDJ ?
fátima dit : (21:19:45)
Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a), SDJ, para poupar banda, SDJ
T. dit : (21:20:00)
banda larga ? sempre a mesma conversa fiada
fátima dit : (21:20:29)
a SDJ não teve q me mandar levantar
T. dit : (21:20:38)
era uma sotora então, simática ?
T. dit : (21:20:49)
simpática
fátima dit : (21:20:52)
fiquei muito contente, pq com os nervos nunca se sabe, uma pessoa vê ali a cadeira e o micro e senta-se logo, é uma tentação, nem imaginas, é preciso muita estratégia e sangue frio para uma pessoa não se sentar logo
T. dit : (21:21:09)
Espera
fátima dit : (21:21:16)
espero

T. dit : (21:41:39)
gira e jovem ?
fátima dit : (21:42:50)
Quem? a SDJ? Também não é preciso exagerar no Pacto. um bocadinho magra, sem cores
T. dit : (21:43:30)
UFF é do trabalho- espera
fátima dit : (21:43:41)
espero

T. dit : (21:45:51)
do género meigo
fátima dit : (21:46:35)
falei sobre o 27 e vim-me embora
T. dit : (21:47:40)
quem é esse
fátima dit : (21:49:44)
não do género meigo, não sei
T. dit : (21:49:49)
o 27 ?
fátima dit : (21:50:02)
acho q era o quesito. há uma coisa chamada quesitos, não é?
T. dit : (21:50:11)
No fim a sotora disse: obrigada pode retirar-se
T. dit : (21:50:21)
ah O QUESITO ERA SOBRE O 27 ?
fátima dit : (21:50:21)
mais ou menos
T. dit : (21:50:29)
NÃO ERA O QUESITO 27!
fátima dit : (21:50:31)
não o quesito era o nº 27
fátima dit : (21:50:43)
desejou-me bom dia
T. dit : (21:50:46)
pois já percebi
fátima dit : (21:51:03)
eu retribuí
T. dit : (21:51:05)
e o 27 era sobre o quê ?
fátima dit : (21:51:27)
sobre a reputação da Autora
T. dit : (21:51:33)
tb foste querida
T. dit : (21:51:51)
que era quem a Autora ?
fátima dit : (21:52:00)
eu mudei, sabes, estou muito diferente, mas logo ao princípio 'tava a ver que me chateava com o advogado da A
T. dit : (21:52:12)
já imaginava
fátima dit : (21:52:17)
(eu era testemunha da A)
T. dit : (21:52:38)
mas a Autora é pessoa singular, colectiva ou mista ?
fátima dit : (21:53:27)
mista como as sandes, colectiva como as torradas
T. dit : (21:53:33)
espera
fátima dit : (21:53:39)
espero

T. dit : (21:54:35)
e ?
fátima dit : (21:54:59)
e foi para aí um quarto de hora
fátima dit : (21:55:22)
dei aliás o meu exemplo
T. dit : (21:55:48)
disseste que já tinhas
fátima dit : (21:55:50)
espera
T. dit : (21:55:53)
espero

fátima dit : (21:56:50)
(de volta) Não, não disse.
T. dit : (21:56:57)
Fizeste mal, eles só assim é que percebiam
fátima dit : (21:57:02)
esqueci-me
T. dit : (21:57:05)
não acertamos todas
fátima dit : (21:57:12)
mas se for a julgamento não me esquecerei, será um palco mais à minha medida
T. dit : (21:57:35)
então se não era julgamento era o quê ?

(fim do segundo episódio da primeira temporada)