30.1.04

óperas

Estive a trabalhar numa zona mítica do operariado. Um mar de oficinas e maquinaria, noutros tempos transbordantes, hoje caladas, muitas delas, ou quase. Madeiras, fundição, metalomecânica. O orgulho e o poder dos operários tornam-se para mim mais evidentes ao percorrer aquela imensidão, ouvir o som dos fornos, das serras, das gruas que restam activas e imaginar a partir daí os anos dourados. Fazer coisas e ver a obra feita. Ver passar ao largo um navio e pensar que nós o pusémos a flutuar é uma coisa que conta na vida duma pessoa e fez a força de uma classe.

24.1.04

no meio do verde

Numa quinta. A mulher destacava-se no meio do verde. Toda ela era encarnado. O vestido, a malinha, as botas de cano alto. A mulher de encarnado aproximou-se e quando se aproximou foi possível ver o que fazia: falava ao telemóvel. O telemóvel era encarnado. Madame Castafiore não conseguiu desviar os olhos da mulher de encarnado. E foi assim, sempre com os olhos postos na mulher de encarnado, que recebeu o certificado do curso de jardinagem. Pouco depois recebeu um s.m.s com um toque polifónico: ser benfiquista é ter na alma a chama imensa.

23.1.04

quatro piscas

O cliozinho foi passear. Ao cimo da Morais Soares fez uma birra e parou. Os outros senhores começaram a apitar. Tentei arrancar e nada. Os apitos continuaram. Primeiro encolhi os ombros, depois liguei os quatro piscas. Os senhores passaram. O problema foi quando se aproximou o 42 e, atrás dele, mais uma catrefada de senhores munidos de buzina.

No meio desta confusão, o telemóvel tocou. Era o Carlos: "Então, ainda estás muito longe?". Pedi-lhe para esperar mais 2 minutos. Mas que ligasse ele, que eu estava sem crédito. Entretanto, o 42 parou atrás de mim. Quanto mais eu tentava convencer o cliozinho a sair dali, mais ele cheirava a gasolina. Foi então que surgiram os 3 rapazes. "Precisa de ajuda? A gente empurra". E lá foi a voiture até à beira do passeio. Nessa altura passou a minha vizinha do 4º andar com o lord pela trela. Eu começei a sentir as orelhas a arder mas respirei fundo e agradeci aos rapazes. A ordem pública estava restabelecida, porém, eu e o meu baccara tínhamos um destino e já estávamos demasiado atrasados.

O Carlos volta a telefonar. "Queres que vá aí com o meu carro?". Claro que queria, mas uma pessoa tem o seu brio. Quando o Carlos chegasse não nos encontraria ali deprimidos mas sim prontos a arrancar. Começo a olhar para os peões e escolho uma vítima com perfil de mecânico. "O senhor não se importa de experimentar pôr o meu carro a trabalhar?". Não se importava. Mas o cliozinho importou-se e continuou impávido e a cheirar a gasolina que até fazia impressão. O homem pediu-me para abrir o capôt: primeiro aperta um botãozinho na bateria, "Tá a ver, tinha isto desapertado, mas a bateria está boa". Pausa. " A senhora tem que mandar limpar o motor antes do Verão." Nem pestanejei e prometi. Mais descansado, o homem começa a fazer saltar umas molas duma caixa oval, tipo caixa de bolachas familiar em promoção no Mini-Preço. "O que é isso aí?", perguntei eu. Um filtro, já não me lembro bem de quê, se do ar, se da água, se da gasolina. Enfim, de café é que não era. Felizmente a coisa está apertada com três parafusos, felizmente ele não tinha ali nenhuma chave. Deu por concluido o inquérito preliminar e pronunciou-se: é preciso chamar um mecânico. Agradeci-lhe, o homem foi à sua vida e eu começei a ver o meu brio a andar para trás.

Chega o Carlos com a mulher. O Carlos manda-me fechar o capôt, entra dentro do carro, ignição, acelerador, e o certo é que o cliozinho se pôs em sentido e começou a trabalhar. "Tás a ouvir o ralanti, o gajo não se aguenta em ralanti". Mais um pontinho de ar, menos um pontinho de ar, devidamente geridos pelo Carlos, quais senhas de racionamento durante a 2ª Guerra Mundial, e lá fomos nós até à prisão da Trafaria. Enquanto atravessava a Ponte e o sol na cara me apaziguava o espírito, não me saía da cabeça a imagem do cliozinho quando cheguei ao pé dele hoje de manhã: estava cheio de cagadelas de pássaro. Eu vi logo que aquilo não era um bom presságio.

Por outro lado, à noite soube que a matrícula do cliozinho seria valiosíssima na China, porque dela consta o número 88. Pensando bem, talvez se deva a isso ter tido tanta sorte. Obrigada rapazes, obrigada homem do filtro, obrigada Carlos.

21.1.04

Detective Story

À minha frente no metro, linha azul, um homem a ler um livro de poemas. Foi o suficiente para mandar à fava a discrição e inclinar-me para alcançar o título. Não consegui. A capa escura dificultou-me a intenção. Houve, no entanto, um momento, entre a Rotunda e a estação do Parque, em que estive quase, quase, mas o homem resolveu ajeitar os óculos e, para o fazer, mudou o livro para a outra mão. Porém, o autor não me escapou: W.H.Auden. Sorri. Conheci Auden através do Fernando Lopes, em finais do século XX. Imaginei então que o homem estaria a meio de Detective Story:

A sequência é banal. Tudo corre segundo o plano:
A disputa entre o senso comum local
E a intuição, esse amador irritante
Que tem sempre a sorte de chegar ao local antes de nós
Tudo corre segundo o plano, a mentira e a confissão
Até à excitante perseguição final, o assassínio.


Seja como for, e disso tenho a certeza, até à Praça de Espanha o homem não conseguiu ler mais nada, por causa da pasta volumosa que levava e que obstruia o espaço que separa os bancos. Teve que se levantar para deixar sair uma passageira apressada que de repente se deu conta que a sua estação de destino tinha ficado para trás. Eu.

19.1.04

batatas de luto

Descaroce 125 gramas de azeitonas e bata-as juntamente com quatro dentes de alho e uma colher de sopa de azeite. Coza batatas em água temperada com sal e, depois de cozidas, corte-as às rodelas grossas. Espalhe a pasta de azeitonas por cima e sirva.

in Cozinha Transmontana, Alfredo Saramago/ António Monteiro, Assírio & Alvim

A Vera está aqui ao pé de mim a apanhar sol nos bigodes. Ouço a Mia aos saltos na cozinha. Acabei de ouvir uma tampa a cair. Deve ter encontrado uma mosca mais combativa. E eu vou-me pôr a andar. Hoje continuamos no pinhal.

18.1.04

século XV

"Público", café, sol e ventil leigth. Na manhã deste domingo soube que Sandro Botticelli é o pintor preferido de Madame Castafiore e "Primavera" o seu quadro preferido. Ainda hoje Madame Castafiore está agradecida ao seu professor de Filosofia do D.Pedro V. Foi ele que a levou até Botticelli. Na manhã deste domingo fiquei também a saber que os Durutti Column tocarão em Lisboa na próxima semana e que também eles merecem a preferência de Madame Castafiore. Na manhã deste domingo Madame Castafiore tinha as unhas pintadas de uma cor que os especialistas denominam por "sangue de boi". Botticelli, Durutti Column e sangue de boi. Na manhã deste domingo fiquei a conhecer a grande atracção que Madame Castafiore tem pelo século XV (D.C).

primavera

17.1.04

habitação social

INT/ DIA - INFANTÁRIO DA ROSÁRIO

A Andreia tem franja e bochechas rosadas. Vive num bloco de habitação social. Na numerosa família da Andreia a informação circula livremente.

- Ó Rosário, o meu tio vive com uma grande cabra!
- Ai sim?! E onde é que ele põe a cabra? Na varanda?
- Ó Rosário, tu não percebes nada disto.

16.1.04

sol

Um pinhal é um sítio muito bonito quando há sol. Hoje houve sol.

15.1.04

chuva

Ando a trabalhar num pinhal. Um pinhal é um sítio muito bonito. Um pinhal é muito bonito quando chove. O pior é a chuva.

14.1.04

"Apontamento"/ Jorge de Sena

Lembrar uma ilusão perfeita!

Recordar um tempo
e outras coisas.

Recordar coisas!
Se recordar bastasse
nem a memória, em mim, teria tempo.

29.05.42, Jorge de Sena, "Visão Perpétua"

13.1.04

comentários

O servidor de comentários ligado a esta loja parece estar com problemas. Os comentários desapareceram. Tentarei amanhã ligar-me a outro. Agora vou jantar que daqui a nada tenho que me levantar. Nem sei porque janto. E às vezes também nem sei porque durmo. Mas uma pessoa tem que se entreter com alguma coisa quando não está a trabalhar. Às vezes também não sei porque trabalho. Afinal o que é que eu sei?! A resposta tem séculos.

12.1.04

quadras

Era um bom quadrista, sabia muitas. Deixa ver se me lembro doutra. Eu sei, eu sei mais.

Fecha-te janela de vidro
Abre-te porta

-Não, não é assim.

Fecha-te
Fecha-te porta de vidro

-Ai! Não é aqui que começa, bem me estava a parecer, é mas é assim:

O meu coração é de ouro
E dentro tem gavetinhas
Que se fecha com saudades
e abre com palavrinhas.

Fecha-te porta de vidro,
Abre-te janela d`ouro.
Resolve o teu coração
Vamos a tratar namoro.

Fecha-te janela d`ouro,
Abre-te porta de vidro.
Resolve o teu coração
Que o meu já está resolvido.

e ficaram com o namoro enfeixado, que ele convenceu-a com três palavras.

in A Floresta em Bremerhaven, de Olga Gonçalves.

Um livro notável. Li-o há uns anos e provocou-me na altura o entusiasmo dos mundos que se abrem. O discurso directo explorado sem tréguas, a ficção escondida na anatomia da linguagem e dos gestos do quotidiano, a identidade-contaminação dos portugueses emigrados, a atracção da partida, o confronto e a aquisição do estrangeiro, a imagem do nosso sítio revista à chegada.

11.1.04

inícios (6)

Porque acabou a arte de contar histórias? Eis uma pergunta que faço muitas vezes a mim próprio quando me deixo ficar à mesa com os outros convivas, a passar o serão, depois de termos comido. Creio, porém, ter encontrado a resposta certa tarde em que fiquei de pé na coberta do "Bellver" junto à casa do leme, percorrendo com o binóculo o quadro incomparável que Barcelona oferecia, vista de cima do navio.

in "Histórias e Contos", de Walter Benjamim, Editorial Teorema

Vou para a cama. Estou arrasada. Eu e o meu clio baccara fizémos sensação hoje aqui na rua. Nunca tínhamos andado sozinhos. Nada foi deixado ao acaso, estava tudo planeado: domingo de manhã, percursos conhecidos, era só ir buscar a Zizi a casa e depois seguíamos para o parque das nações. O problema foi sair daqui. Estive quase a chamar o serviço de assistência do acp. Em vez disso telefonei à Zizi. Ela chegou, deu duas aceleradelas e o cliozinho arrancou. Se eu em vez de me preocupar com o binário tivesse simplesmente tomado atenção à posição da patilha do ar nada disto teria acontecido.

10.1.04

crítico de arte

Aqui há uns tempos os meninos da Rosário foram a uma exposição de pintura. Diante dos quadros de Chagall a guia chama a atenção para as coisas estranhas que se podem observar. Animais no ar. Casais no ar. Flores constantes. Muito pedagogicamente interpela os meninos do infantário:

- Olhem lá então. Quem é que vê coisas estranhas ?

Um rapazinho de olhos pretos levanta o dedo de imediato.

- Muito bem, como é que te chamas?

- Sandro.

- Então,Sandro, diz-nos lá o que é que tu achas estranho?

O miúdo dirige o dedinho para um quadro mais ao lado e sem qualquer hesitação diz:

- Aquela mulher tem as mamas ao contrário.

8.1.04

perfume árabe

"O que resta da árvore se o vento lhe rouba o perfume ?"

in "Provérbios do Mundo", editorial notícias

7.1.04

meteo

No cabeleireiro, zona lavagem de cabelos. Sentada numa cadeira ao lado da minha, uma cliente espera. A Carla, uma jovem empregada adepta do piercing, chega e indica-lhe uma terceira cadeira:

- Importa-se de passar para aqui?
- Não me convinha nada, Carla. Já tinha aquecido o lugar e com o frio que está tudo isso tem importância.

6.1.04

peixinhos da horta

"Coza feijão-verde, sem o partir, em água com sal e depois de cozido escorra-o bem. Numa tigela junte farinha, um alho picado, leite e sal. Mexa muito bem até fazer um polme. Passe dois feijões de cada vez por este polme e frite em azeite bem quente, para que o polme fique estaladiço e alourado."

in "Cozinha Alentejana" - Alfredo Saramago/ Manuel Fialho.

Do que eu gosto mais é do nome.

5.1.04

mais binário, menos binário, perdemos

Pouco passava das sete e meia da tarde quando desliguei o meu rádio-gravador Philips, comprado em Portalegre, cidade do Alto Alentejo, para aí há uns 17 anos. Não estava a ouvir nenhuma cassete dos Talking Heads. Estava mesmo a ouvir o relato. Quando o Benfica perde é melhor que ninguém me diga nada. Nem através da rádio.

De qualquer maneira, e por mais estranho e embora não pareça, a vida continua. Nessas alturas não é mal pensado arranjar-se alguma coisa para fazer. Uma opção segura é ir para a cama. Nem sempre resulta. Em caso de insónia, ler o jornal "ocasião". Desta vez, a minha escolha recaiu sobre "o caso binário". Fui reler um mail que o Pedro Aniceto me enviou ontem. O Pedro apelou a experts do "binário". António Nelas da Revista OsTransportes respondeu-lhe prontamente; o Pedro reenviou-me o mail, que aqui publico, com o meu agradecimento a ambos:

"Pois... a afirmação é verdadeira!

Se conduzires o teu "bem amado" FIAT durante alguns Kms, por exemplo em
auto-estrada, mantendo a rotação do motor bem próximo do valor máximo do
binário indicado pelo fabricante, vais ter uma surpresa agradável:
percorreste uma série de Kms em que as prestações do propulsor foram
maximizadas, o consumo minimizado e a longevidade aumentada!

Ou seja: para os FIAT a gasolina 1.3 o valor do binário ronda os 114
Nm(Newton Metro) às 4000 Rpm (Rotações por minuto), enquanto a potência
máxima de 80 Cv é obtida às 5000 Rpm. Em contrapartida, nos Diesel, os
binários são muito mais elevados. Tomemos como exemplo o 1.3 Multijet:
180 Nm/ 1750 Rpm de binário para 70 Cv às 4000 Rpm de potência. Se passarmos
para o 1.9 JTD os valores disparam: 100 Cv/4000 Rpm e 260 Nm às mesmas 1750
Rpm.

Confuso?

O binário é uma força de rotação ou de torção aplicada a uma distância da
linha central do objecto. Assim, se aplicares uma força de 100 Newton à
extremidade de uma chave de um metro colocada em uma porca, estás a aplicar
100 Nm de binário.

Bom passemos a exemplos com gráficos:

http://www.circletrack.com/techarticles/84199/index.html
http://www.carcraft.com/techarticles/868/index.htmll

Nestes dois artigos encontras gráficos e fotos que te podem ajudar a passar
a ideia de que num motor é necessário ter potência, mas também binário,
porque senão teríamos um motor "pontudo" que só andava em alta rotação
(curso reduzido dos pistões).

Bem depois vêm as divagações: curso, biela, pistões, cambota, ângulos,
árvore de cames, distribuição, não esquecendo um pormenor importante nos
dias de hoje, a electrónica..."

Eu, pelo meu lado, consultei os meus experts de todas as estações. Madame Castafiore em primeiro lugar. Mas hoje não era o meu dia. Madame Castafiore recusou pronunciar-se. Não gosta de fiats.

3.1.04

PELOURINHO 2003

Um brinde a todos os Republicanos Desiludidos ( praça da república em beja ). Comemorei hoje ao jantar (migas de tomate com carne de porco e um marquês de borba a acompanhar) a atribuição de uma menção honrosa a esta loja de 300. Todos os dias tenho saudades. Todos os dias tenho saudades do Alentejo.

my fair lady

Madame Castafiore foi ao teatro. Achou que os bailarinos da peça dançavam mal a valsa. Talvez isso explique a confidência que me fez hoje ao cair da tarde. Não me pediu qualquer opinião. Limitou-se a dizer : "- Estou a pensar inscrever-me num curso de danças de salão".

2.1.04

(OCUPAÇÕES DE VERÃO)

"Finalmente disponho de tempo, disponho mesmo do tempo todo, posso fazer o que quiser dos meus dias, por exemplo, estender-me ao sol e aguardar a chegada das formigas. Não podem tardar, e quando chegarem aqui me encontram, a mim, que sou vacilação. Ou o que resta de mim, boa-noite, umas sandálias, uns óculos, algumas sílabas quase de vidro.(...)"

Eugénio de Andrade

1.1.04

o binário

Foram anos a ouvir falar em cilindros, válvulas, primeiras e segundas, bielas e cambotas, platinados, motores a quatro tempos, motores a dois tempos, semi-eixos e diferencial, pneus radiais e diagonais. Mas o que acima de tudo me intrigava era o binário. Depois de tirar a carta, o meu estatuto mudou. Mantive-me calada sobre cárteres e rolamentos mas ganhei ânimo para fazer perguntas. E a minha primeira pergunta foi sobre essa palavra mágica que me soava na cabeça qual música celestial: o binário. Mas deparei-me com uma dificuldade inesperada. Perante o binário todos se calam, que é o que acontece diante da música celestial.

Inscrevi-me num forum sobre automóveis. E encontrei este post:
"Binário = Força * Metro (ou braço) e mede-se em N.m (Newtons metro) e é a uma "força" que tende a fazer algo rodar. Se por acaso aplicares uma força de 1 Newton numa chave de apertares os parafusos de uma roda e se essa chave tiver 1metro de comprimento, estás a aplicar um binário de 1 N.m Mas se aplicares uma força de 100N a com uma chave de 10cm aplicas o mesmo binário, isto é, apertas o parafuso com a mesma foça.
Dito isto, num carro o binário é a força exercida no cilindro a multiplicar pela distância que vai desde o centro da cambota até ao eixo da biela.
Vê este site que tem uma figura excelente para perceberes o que digo: http://science.howstuffworks.com/fpte3.htm"

Pensei então: estamos no último dia do ano e isto não pode continuar assim. Fiz-me ao caminho. Fui à escola de condução que frequentei, cheguei lá e disse: "Boa tarde, quero um livro de mecânica." Boas entradas para aqui, 19 euros para lá, e regressei a casa com um Manual de Mecânica de Automóveis. Procurei a palavra mágica e na matéria complementar encontrei:

"O esforço efectivo que as bielas exercem sobre as manivelas da cambota, para que esta seja obrigada a girar, designar-se por "binário do motor".
O binário vai aumentando à medida que o motor acelera mas, a partir de determinado número de rotações, o binário começa a diminuir gradualmente e o consumo do combustível torna-se cada vez mais exagerado. Isso significa que o consumo mais económico é obtido quando o número de rotações do motor corresponde ao binário máximo do motor."

Fiquei elucidada. Agora só me falta perceber os números primos, o meu grande projecto para 2004.