30.12.06

My 2006

Em Janeiro: a 22 o Professor é eleito Presidente e a 29 neva por todo o país;
em Fevereiro: a Caixa Geral de Depósitos recusa-me um empréstimo de 5 mil euros, a menos que a fiadora, cliente da CGD e de cuja conta consta um crédito mensal que daria para pagar 3 vezes a minha prestação, mude a sua outra conta do BPI para a CGD;
em Março, o BCP lança uma oferta pública de aquisição sobre o BPI, que este considera "hostil"; apesar disto andar tudo ligado, não creio que tenha relação com os acontecimentos do mês anterior;
em Abril, passo as férias da Páscoa a escrever "Sul-Sudoeste" que um juri do Icam veio posteriormente a considerar uma grande bosta; ok, eu não digo que seja um grande, grande argumento, digo que é apenas um bom argumento e disso está o cinema português cheio, não é ? Tanto de uns, como de outros, aliás;
Maio é o mês em que faço anos e dou uma grande festarola em minha casa com tequilla, entrecosto temperado com hortelã e canela e um bolo de aniversário com 49 velinhas;
em Junho entro para a tropa e aí me mantive grande parte do Verão, na rodagem do recém-estreado "20,13";
em Julho continuo na tropa e quase não dou pelo bombardeamento de Israel ao Líbano durante 34 dias; em contrapartida, dou pelo mundial de futebol e um coronel explica-me porque é que o Cristiano Ronaldo não pode chegar ao Olimpo: falta-lhe a 3ª velocidade; na tropa tudo se explica e isto está muito bem explicado;
em Agosto acabo a tropa e começo a pintar a casa; compro ainda uma, mais uma, estante Bill; mas não é só para mim que o Verão não é de sonho: Plutão, por exemplo, vê-se de um dia para o outro exonerado do sistema solar;
em Setembro: a 19 é nomeado um novo Procurador-Geral e a 28 é eleito um novo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça; mais uma vez fico para trás;
em Outubro faço a batalha de Aljubarrota; é caso para dizer que só me falta La Lys;
em Novembro, Ségolène Royal é escolhida para candidata às eleições presidenciais francesas; como eu não sou francesa - não se pode ter os defeitos todos - não posso considerar a escolha uma desfeita; e Cesariny vive a última madrugada;
em Dezembro é agora e acabei. Morra o Dantas, pim!

29.12.06

Bacalhau constipado

Coloque as postas de bacalhau demolhado a assar em brasas e retire-as do lume várias vezes, mergulhando-as em água fria misturada com vinho branco. Continue até as postas estarem assadas e folhadas como um livro. regue-as com azeite.

(Cozinha de Lisboa e seu Termo, de Alfredo Saramago)
receita transcrita de "Culinário Assírio & Alvim 2007", uma prenda deste Natal

28.12.06

linha de água


DSCN0146© fatima ribeiro2002, originally uploaded by imia.

27.12.06

parede branca

Hoje na Biblioteca sentei-me numa mesa encostada a uma janela de guilhotina. Dali posso ver a frontaria da Igreja. Mais à direita, ergue-se o que parece ser um depósito de água. Já me explicaram o que é mas eu esqueço-me sempre. Qualquer coisa a ver com as antenas que o prolongam para o céu.

Em baixo os carros deslizam no alcatrão sem repararem no caminho manhoso que há logo no início da descida. Não sei exactamente onde levará esse caminho, possivelmente a um beco quase sem saída, onde eu imagino que moram muitos dos que pertencem a uma espécie de sobreviventes com quem eu mantenho uma espécie de conta-corrente: os que por vergonha não voltaram para as terras de origem. É ali que vejo um homem que transporta uma garrafa de gás aos ombros. À sua frente, um cão preto com coleira abre-lhe caminho aos saltos. Em nada se distingue dos cães que na sua terra de origem abrem caminho aos saltos.

Por baixo da janela de guilhotina há uma cabine telefónica onde tenho visto pessoas a telefonar, normalmente falam em língua estrangeira. Hoje não está lá ninguém, o que não deixa de ter a sua lógica: há gente por aí que gastou os impulsos todos na noite de Natal. A mim, ainda me sobra a parede em frente, a grande parede branca, com um grafiti quase reduzido a uma assinatura, a de alguém chamado Cajó. Essa parede branca ocupa todo o lado inferior esquerdo do enquadramento da janela. Fica assim justificada a sua importância.

Mas não era nada disto que eu queria contar. O que eu queria contar é que na estante ao lado da mesa encostada à guilhotina, está em evidência um livro: Souvenirs d'Alcobaça et Batalha, de William Beckford, numa tradução francesa, que eu já conhecia. E foi com o sorriso que acompanha o reconhecimento das coisas agradáveis que eu peguei no livro e o folheei como quem baralha um baralho de cartas. Dei por mim a ter saudades desse tempo, do tempo em que conheci William Beckford. Interroguei-me sobre que tempo era esse e a resposta apareceu-me com alguma surpresa sem dificuldade: era um tempo em que eu tinha esperança.

Em 1989 o livro custava 90 francos. Era o nº19 da Collection Romantique. Quanto a William Beckford, visitou os mosteiros de Batalha e Alcobaça em Junho de 1794, durante a sua segunda temporada no nosso país, entre Outubro de 1793 e Novembro de 1795. Boas Festas, Cajó.

23.12.06

água fresca

Começei ontem a ver o Lost, era uma e tal da manhã. Não tão intensivamente como a Erica, que encontrei faz agora um mês acampada na sua sala de estar, com vista para uma trepadeira prodigiosa e vasos de poejos e alecrim dourado. Durante dois dias ninguém a conseguiu de lá tirar. Nem a trepadeira, nem o poejo, nem o Miguel, nem os apelos insistentes das suas lindas crianças, nem o olhar inesperado da gata Celeste. Very interessante. O Lost. Mas não tenho tempo para conversas. Estou aqui na minha ilha e vou começar o 7º episódio.

22.12.06

without


DSCN0055© fatima ribeiro2003, originally uploaded by imia.

to be or not to be

Madame Castafiori tem percorrido todos os presépios de Lisboa, para ser mais exacta, quase todos os presépios de Lisboa. Uma questão, talvez duas, a motiva: qual é o lado do burro? Qual o lado da vaca? Não há consenso. Nuns o burro está do lado direito, noutros a vaca.

Em que é que ficamos, é a pergunta que Madame Castafiori coloca a si própria todos os dias ao levantar e para a qual continua sem resposta todos os dias quando se deita.

Tudo começou com uma visita ao presépio da Madre de Deus. O presépio da Madre de Deus não tem vaca nem burro.

5.12.06

natal à porta


DSC00756© fatima ribeiro2006, originally uploaded by imia.

4.12.06

A Rainha

P: Helen Mirren é espantosa. Como é que conseguiu aquela perfomance?
R: Porque é que não lhe pergunta como é que ela o fez? Eu não faço a mínima ideia. Sempre esperei que fosse boa no papel, mas quando me apareceu nas filmagens parecia mesmo a Rainha e fiquei absolutamente atónito. Não sei qual é o processo interno que ela seguiu. O que é que pensa, que eu estive com a Helen no quarto de vestir a escolher-lhe as roupas? Seria chocante...

(de uma entrevista a Stephan Frears ao Expresso, edição de sábado passado)

3.12.06

pergunta ao tempo


DSCN0583© fatima ribeiro2005, originally uploaded by imia.

2.12.06

lambidela de gato

Relatório da conversação entre mim e Cristina Castafiori no Messenger, após convite desta a sua irmã mais velha, que este blogue celebrizou como Madame Castafiori, a sensível Madame Castafiori:

Fátima dit : (19:26:48)
Então ontem Castafiori gostou dos lombinhos?
Fátima dit : (19:27:04)
de porco preto(pl)
Cristina Castafiori dit : (19:28:50)
ficou enjoada , não era o que ela esperava, disse que não tinha gostado, mas o prato, havias de ter visto, limpinho que nem lambidela de gato