24.9.07

rebentação

Que sítio barulhento, disse ela. Até se ouve o mar.

23.9.07

dispensa

O café já está no fim. Já não há arroz selvagem, já não há feijão catarino, grão de bico, pimenta da jamaica. Ainda há atum tenório, bolacha maria, queijo manchego e batatas pála-pála. Vou ali, já vejo.

22.9.07

nem de propósito

Ela disse claramente: - Mas o que é que aquela quer? O namorado dela nem para tapete me servia.
Foi isto que eu ouvi a Empregada dizer. Como disse, ouvi perfeitamente. Não admito que ponham em dúvida a minha afirmação. Podia ter ouvido uma ou outra palavra, mas não, eu ouvi todas aquelas palavras e pela ordem citada. Não tenho dúvidas. Mas não ter dúvidas acerca do conteúdo da frase é uma coisa e não ter dúvidas acerca do seu alcance é outra. Achei um bocadinho precipitado, um bocado exagerado. Inclusive, pensei para mim que não podia ser caso para tanto. É certo que eu levo as coisas à letra e a imagem do namorado da outra a servir de tapete veio-me imediatamente à cabeça, o que não me ajuda em nada a ter uma atitude mental sólida, do género, sim, senhora, tem razão, para que é que a menina havia de querer o namorado da outra? Evidentemente só se fosse para tapete. Ou do género, não diga essas coisas, menina, que um tapete poupa muito uma casa. Pois bem, perante um cenário assim, eu sou mais pro-zen, embora muito literal. Distancio-me, relativizo, não deito achas para a fogueira, sou boazinha. E no caso, quanto mais não fosse pela circunstância de ter acabado de entrar na loja. Eu tinha acabado de entrar quando ouvi a Empregada dizer para a colega: - Mas o que é que aquela quer? O namorado dela nem para tapete me servia. Palavras não eram ditas e entra na loja uma mulher de certa idade, mas ainda muito jeitosa, que pergunta à Empregada: - Tem tapetes?

21.9.07

água das pedras

Vê lá tu que no fim ainda pediu bolo inglês /.../ uma fatia /.../ só não comeu mais porque não a deixaram, não havia de estar mal disposta, depois pediu uma água das pedras. /.../Para quê? Ora p'ra quê?! Para desmoer, eu sei lá p'ra quê?! /.../ Desmoer ou moer? Não desconverses. É verdade, quando é que ela tinha a consulta?

17.9.07

16.9.07

15.9.07

14.9.07

13.9.07

12.9.07

10.9.07

6.9.07

A POESIA

A POESIA é o real absoluto. Isto é o cerne da minha filosofia. Quanto mais poético, mais verdadeiro.
NOVALIS "Fragmentos"
(trad. Mário Cesariny)

5.9.07

a cláusula

- A bola parece que vai colada ao pé, passa por um passa por outro, e os gajos a vê-lo passar, vais ver, pá, daqui a seis mezinhos já cá não está. Não sei quanto é que é a cláusula de rescisão, mas vais ver, fixa o que eu te digo, dá-lhe mais uns tempinhos e depois vais ver. Só tem é pé esquerdo, mas, é pá, o gajo não engana, ninguém lhe tira a bola.
- Já o viste jogar?
- Ouvi dizer que a cláusula de rescisão é p'r'aí duns 25, 30 milhões, não sei se 'tás a morder o esquema, não lhe aumentem o ordenado, não, então se passarmos da fase de grupos...E se jogasse com os dois pés, era aí uns 60 milhões. Pelo menos. É pena só ter pé esquerdo.
- Não era isso que queriam dar pelo Káká?
- 60? 90!
- Olha lá, mas já o viste jogar?
- É pá, 'tás parvo, claro que já. Quem é que não conhece o Káká?!

3.9.07

2.9.07

1.9.07