É preciso começar por dizer uma coisa: partido, partido o vidro não está. Quer dizer, o vidro está partido mas não completamente. Chega a meio e a fractura pára. Parou. O vidro ficou rachado, fendeu, não sei que palavra escolher, não interessa, não vou agora estudar continuidade matemática, geométrica, paramétrica por causa da porra dum vidro.
Reparei no vidro partido esta manhã quando passei. A fractura parte do limite lateral direito, a um quarto da altura a contar do chão, e vai em linha saltitante, ziguezagueando, ascencional, até quase ao lado esquerdo. Mas não chega lá. Quando se aproxima, pára. Parou.
Nestas primeiras declarações sobre o assunto, feitas assim a quente, gostaria de esclarecer dois pontos. Primeiro, ninguém me garante que a fractura não tenha tido origem no centro e vindo a derivar para os lados, ou que não tenha começado perto do lado esquerdo e progredido até ao limite direito. É um caso de polícia científica. Parou.
O segundo ponto refere-se ao seguinte: eu disse que parte do lado esquerdo para o direito. Mas eu disse isso porque entretanto tinha entrado e estava do lado de dentro do café. Se estivesse do lado de fora, teria dito lado esquerdo. Isto se não estivesse de costas, porque se estivesse de costas, teria dito à mesma lado direito. (uff, estou cansada, geometria e linguagem, que mistura explosiva, até me deu vontade de fumar, por isso parei aqui, parou.)