23.10.03

cummings

Um destes dias ao jantar, enquanto esperávamos um bife com pimenta, uma jovem falou-me da sua paixão pela poesia de E.E.Cummings /e.e.cummings e do seu desespero por não encontrar uma edição dos 74 poemas. Este é mesmo aquele género de problemas a que eu sou muito sensível. O outro é que já passava da meia noite e éramos 30 pessoas à espera de bifes, uns com pimenta, outros com cogumelos, é certo, mas ainda assim à espera.

"agora todos os dedos desta árvore (querida) têm
mãos,e todas as mãos têm pessoas;e
mais cada particular pessoa está (meu amor)
viva do que todos os mundos podem entender

e agora tu és e eu sou agora e nós somos
um mistério que nunca acontecerá,
um milagre que nunca aconteceu-
e brilhando este nosso agora tem de se tornar depois

o nosso depois será uma treva durante a qual
os dedos estão sem mãos;e eu não tenho nenhum
tu;e todas as árvores estão(qualquer uma mais do que cada
sem folhas) o seu silêncio em eterna neve

-mas nunca temas (meu,meu belo
meu florescer) pois também o depois é até"


e.e.cummings /
E.E.Cummings