Desde a uma da tarde que começei a ouvir falar do eclipse da lua. Há mais de quarenta anos que oiço falar de eclipses da lua. Olha, não te esqueças, dia tantos, não te esqueças, amanhã, às tantas horas, ontem, não viste o eclipse da lua?! Já lhes perdi a conta e, pior, já estou um bocado farta de tanto eclipse da lua. Prefiro falar da bela sopa de cogumelos que comi ontem ao jantar. Soube-me tão bem que não resisti e pedi a receita ao cozinheiro. Bom apetite.
Ingredientes, técnicas e notas de rodapé: alho francês, cebola (tudo muito picadinho, especialmente a última) e uma noz de manteiga. Refogar. Laminar cogumelos (daqueles branquinhos e pequeninos, que costuma haver no sítio do costume e de que não faço ideia do nome em latim; em compensação aqui ficam os termos em alemão e holandês, respectivamente: pilze, paddestoelen). Refogar. Juntar água, farinha q.b. e mexer, de modo a engrossar o caldo. Deixar ferver. Juntar natas (mas das boas, recomendou-me um pouco rispidamente o cozinheiro), temperar a gosto (não confundir com agosto, avisou-me a S. do outro lado da mesa). Deixar levantar fervura e está pronta.
Uma última nota, que o cozinheiro omitiu, creio que dolosamente: esta sopa sabe particularmente bem em noites de eclipse da lua. Confirma-se. A lua tem os seus segredos.