Uf!!De novo em Lisboa. Quando entrei em casa, vi os olhinhos azúis da Mia. Lá estava ela à porta do meu quarto. A Vera só apareceu uns minutos depois. Passou por mim como cão por vinha vindimada. De nada valeram os apelos "Vera, ó Verinha" corredor fora, pé ante pé, com uma pensada colocação de voz e um sorriso inevitável. Tanta figura de parva que aquele corredor já viu. A Vera, entretanto, entrincheirou-se debaixo da cama, certamente disposta a dar-me baile, mas fiz das fraquezas forças e não me ajoelhei. Fui para a sala, onde a Mia praticava com toda a sua arte e engenho derrapagens no tapete. O Marítimo marcou de livre directo. A Vera apareceu na sala. Aposto que só para ver a minha cara enquanto a tv passava as imagens ao ralenti. Mas eu troquei-lhe as voltas e olhei para ela e pude, enfim, ver-lhe os olhinhos verdes. Atirei ao ar um papelinho amachocado, acompanhado de um "busca" especial para gatos, e a Vera deu-me o privilégio da sua companhia durante uns minutos. O Benfica empatou. Mas a noite não foi sempre assim tão previsível. À minha espera, no meio de avisos de pagamentos, dois números dos "Brados do Alentejo", convites para estreias que já estrearam e basta publicidade, estava uma cartinha do senhor irs com um cheque da dona direcção-geral do tesouro. Por isso, a primeira coisa que fiz hoje mal pus um pé na rua foi encaminhar os meus passos para o banco.