24.12.08

natal

Mais logo é noite de Natal. Eu desejaria estar à espera do Menino Jesus, em Évora, diante da chaminé; saber que lá fora há frio, provar a cacholeira assada, deixar-me enfeitiçar pelos cristais da garrafa de anis, ao som do rádio. Hoje interrogo-me como é que conseguia adormecer e esperar pela manhã seguinte. Devia ter muito sono ou acreditar muito. Em qualquer dos casos, resultava. Acordava cedo. A casa cheirava a carne frita e bacalhau cozido, eu olhava para os restos de bolo e aproximava-me da chaminé e via finalmente qualquer coisa no sapatinho, qualquer coisa que o Menino Jesus lá tinha deixado, evidentemente.

Esta noite estarei na Penha de França, pensarei nos meus mortos, no salto que não darei, no tremendo equívoco que foi a minha vida, no futuro que nunca mais passa. A nostalgia é muito útil no Natal.