Fera sou deste lugar sombrio
E com uma flecha no ombro
fujo, triste, ao cabo da minha dor
e o cerco que lentamente me agrilhoa.
Como a ave que o fogo arde
entre as plumas, a fugir num voo
do seu ninho quente, a ao debandar
o fogo aviva com as próprias asas.
Assim eu entre a aurora estival e as sombras,
voando alto com as asas do desejo,
tento escapar do fogo que me queima.
Quanto mais eu voo entre as margens
fugindo deste mal, com um salto feroz
sobre a morte lenta, procuro a vida curta.
CHIARA MATRINI (1514-1597)
Rosa dos Ventos, Assírio&Alvim
trad.: J.H.Bastos