24.5.07

arroz-doce [mulheres que vendem]

Quero dizer mais, ainda que a todos é notório. Ficará para quando o vir algum estrangeiro, ou indo esta obra fora do Reino, parecerá [a cidade] muito grande como é. E digo que nesta cidade há cinquenta mulheres, entre brancas e pretas, forras e cativas, que em amanhecendo saem da Ribeira com panelas grandes cheias de arroz, e cuscuz e chícharos, apregoando. E como os meninos as ouvem da cama, se levantam chorando por dinheiro a seus pais e mães. E na verdade não é muito mau, por que com isso dão almoços às crianças. E o mesmo fazem os moços que andam a ganhar, assim brancos como negros, com isso fazem seus almoços e quentam suas barrigas. E desta maneira gastam mui presto suas panelas; em que fazem duzentos rs cada uma, e daí para cima, que posto a cento e cinquenta rs cada uma, são por dia sete mil e quinhentos rs, que valem por ano em trezentos dias, porque só aos domingos deixam de vender, cinco mil e seiscentos e sessenta cruzados.........................................................................................................5660+dos

"Grandeza e Abastança de Lisboa em 1552"
João Brandão (de Buarcos)
Livros Horizonte, 1990