3.9.08

os facalhões

Ontem entrei num estabelecimento comercial e apanhei na caixa o seguinte monólogo:

"Um amigo meu, que tem um restaurante, um dia foram lá comer dois tipos e chegaram ao fim e disseram que não tinham dinheiro para pagar. Ele não fez mais nada: pôs os cozinheiros à porta, cada qual com o seu facalhão, e depois, um a um, levou os tipos p'ra um canto e pumba, pumba, deitou-lhes o nariz abaixo; os tipos não podiam fugir, que o meu amigo pôs logo os cozinheiros à porta com uns facalhões deste tamanho; mas não se ficou por aqui: depois, mando-os despir e olé, rua com eles. Nuzinhos no olho da rua, que é para aprenderem. Trigo limpo, farinha amparo. Uma pessoa trata-os bem e eles portam-se mal."

Não sei o que mais me chocou: se os factos descritos, se a circunstância do narrador ser alguém com alguma instrução formal. Não consegui calar-me. Aliás, por altura dos facalhões já me estavam a dar uns calores. A primeira coisa que me veio à cabeça foram os princípios do direito penal moderno. Mas também não consegui articulá-los. Limitei-me a responder como uma varina ilustrada.

Agora uma coisa não posso deixar de confessar: achei graça àquilo dos facalhões.