23.8.07

a assinatura

Eu ia beber um café com ela. Bebíamos o café e chamava-a à razão. Na boa. Juro, pá, na boa. Quando lá cheguei o patrão disse-me que ela tinha ido almoçar. Deve andar aí com a rapariga que é caixa no talho, elas costumam andar aí à hora de almoço a ver as montras. A jogada não tinha começado bem cá pró meu lado e piorou mal eu a vi com os olhos nos saldos da charles, ela e a outra. Só podia piorar. Quando ela me viu começou logo com segredinhos prá outra e daí a nada estava aos gritos comigo. Não é que eu tivesse dito alguma coisa de especial. Palavra. Eu mal abri a boca. Se ela diz que a letra não é dela qual é o problema dela? Foi isso o que eu perguntei: Mas ouve lá, se a letra não é tua qual é que é o teu problema. E sabes o que é que ela me disse: pois esse é que é o problema. Eu nem abrangi imediatamente. Ainda perguntei: Qual? A letra não ser minha, respondeu-me ela. A letra não é dela e esse agora é que é o problema. Sim, senhora. Só se for pró lado dela que pró meu o problema não é esse. E aí está a resposta à tua pergunta: porque é que eu me sujeitei. Ora porque é que eu me sujeitei, sim, tens razão em perguntar, porque é que eu me sujeitei? Ora porque é que havia de me sujeitar? Por causa da merda do dinheiro. A mim também me custa a ganhar. Eu quero lá saber que a assinatura não seja dela, a mim tanto me faz que seja dela ou doutra pessoa qualquer, desde que o carcanhol apareça. Agora sem carcanhol nada feito. Ou o dinheiro do cheque aparece ou vai direitinho pró banco de portugal. Agora quem não fica a arder sou eu. Essa é que é essa. Olarela.