13.5.05

moulinex

Nessa manhã fizera contas à vida.
Uma insónia despertara-a com a cor da madrugada. Pisou o soalho com cuidado e fumou um cigarro à janela, virada para as traseiras adormecidas, naquela parte oriental da cidade.
Por um momento hesitou, mas o cheiro do cigarro acabado de fumar fizera-a tomar uma decisão: não iria voltar para a cama.
Fez café na velha moulinex que a mãe lhe oferecera uma vez pelo Natal. Vivia então em Benfica, num rés-do-chão de paredes cor-de-mel. O aroma do café invadiu a casa. O dia tinha começado.