11.5.05

metacognição

Para fazer um intervalo, peguei num livro sobre Física, que ali estava desde manhã, exposto nas novidades da biblioteca, mesmo à minha frente. Pensei que tivesse bonecos. Se tivesse bonecos já me distraía um bocadinho, não é? Foi só esticar o braço. Pois bem, em vez de bonecos, e entenda-se por bonecos os desenhos, as fotografias, os esquemas, as gravuras, as fórmulas, enfim, tudo o que estiver impresso sem precisar de ser lido, em vez de bonecos encontrei diálogos. Diálogos num livro de Física? Havia é claro o grande inconveniente de ter que os ler. Mas não se pode ter tudo. Foi um belo intervalo.

E. - Ouçam lá! A gente quando está a pensar nesse plano tem consciência de que está a pensar ?
....
E. - Ou é assim uma coisa que ocorre automaticamente sem a gente se aperceber ?
N. - Às vezes, quando uma situação é nova, um gajo tem de estar a pensar muito mais.
E. - Mas como é que tu tens consciência de que estás a pensar ?
N. - Como é que tenho consciência ?
...
E. - Por exemplo, tu estás a pensar no plano. Como é que sabes que estás a pensar no plano e não, por exemplo, na praia ?
N. - Pronto! Estou à procura duma resposta, estou a pensar fazer aquilo...
E. - Quando tu estás a resolver um problema, sozinho, achas que se está a travar uma espécie de diálogo ?
N. - Estou a falar comigo mesmo: "Agora tenho de fazer aqui assim. Depois tenho de pegar naquele..."
E. - E ouves-te ?
N. - Ouço (rindo)
E. - Mas como é que te ouves, se tu não falares ?
N. - Às vezes falo ! (ri-se)
E. - Vocês têm ideia de que há qualquer coisa lá dentro, na vossa cabeça ?
R. - Sim, a funcionar.
N. - Sim.
E. - E o quê, o que é que vocês chamariam a isso ?
N. - As sinapses.