30.10.11

sandes de presunto

Compro um jornal, não tem notícias novas. É só um jornal. Guardo-o por princípio, ora aí está, eis onde me levaram os princípios, eis para que me servem os princípios. Peço outro café. E uma sandes de presunto. Gosto de comer sandes de presunto em gares, quem nunca experimentou comer sandes de presunto em gares, faça favor. É um bocado chato quando apanhamos bocados de gordura rançosa. Esta, por exemplo, tem um belo bocado de gordura rançosa, mas o princípio de presunção da inocência é de aplicação geral. A partir do momento em que passou do lado de lá do balcão para o lado de cá, o belo bocado de gordura rançosa diz-me exclusivamente respeito. Posso retirá-lo do meio dos dentes ou simplesmente cuspi-lo. Desde que não cuspa a gordura rançosa para cima do fornecedor do presunto nem do gerente do bar, sou livre.  Por isso destaco com as unhas o belo bocado de gordura rançosa. Deito-a fora, deito fora todos os princípios e corro para a rua. Está a chover.