4.4.11

segunda de manhã no café

Entrei no café e cheirou-me a naftalina. Não será o cheiro da Primavera ideal mas uma pessoa tem de se habituar a tudo. Assim por alto foi  o que pensei enquanto me sentava. Mas mal me sentei, dei início à investigação. Fiz um scanne em baixa resolução. Fixei-me num ponto. Só tive de habituar os olhos ao efeito de contraluz da manhã ao atravessar a vidraça. As minhas suspeitas recairam em duas criaturas que ocupavam, frente a frente, uma das mesas do fundo. Uma trazia um casaco roxo, muito apropriado à quaresma, outra umas calças a imitar pele de leopardo. Recuei. A minha intuição raramente falha.