6.4.11

quarta-feira de areia

Começei esta quarta-feira a limpar merda de gato. O dia ainda não tem uma hora e eu já fui posta à prova de diversas maneiras, a começar pela caca de gato, vá, caca em vez de merda, às meninas tudo é permitido até utilizar a palavra caca em vez da palavra merda. Acontece, porém, que nem quarta-feira é, pelo menos para mim, que ainda não me deitei, e enquanto não me deitar não muda o dia, ainda não é quarta, é terça. Só que me dá jeito despachar já o post da quarta-feira e é essa a única razão para hoje ser quarta-feira.
Estou acordada, contra o que é hábito, porque ainda hoje, terça, tenho de escrever uma merda, ou caca, vá, até amanhã, quarta. Acontece que, às vezes, escrever dá-me fome. Às terças dá-me fome. E às quartas também. Portanto, enquanto escrevia aqui uma bela proposição fui pensando, ora o que é que eu tenho para comer sem ser espinafres e agriões, já sei, um iogurte natural, cortado com um niquinho de doce de cereja, e uma tangerina de sobremesa, ou então como sopa, sopa não, já comi sopa ao almoço, sopa ao jantar, 'tá bem que já há uns dias que não comia sopa, mas não, sopa não, não e não, não quero sopa. Entretanto, acabei a proposição, que me pareceu muito jeitosinha, modéstia à parte, e levantei-me para ir à cozinha e pensei, quando voltar, tiro o parêntesis à proposição e já está, anda bobi que já enganámos mais um. 


Entusiasmada, cheguei à cozinha e veio-me um cheiro da marquise que alto lá com ele e disse de mim para mim, putas das gatas têm sempre que ir cagar quando eu venho comer. E foi desta maneira, pouco gloriosa, pronto,  que me vi na circunstância de ter começado uma quarta-feira, que ainda é terça, a limpar merda de gato. Assim não há proposição que aguente, por mais jeitosinha que seja como, modéstia à parte, repito, é esta: o desejo de saber transforma a verdade numa coincidência.