18.10.10

vultos

Não vim aqui por nenhuma razão especial. Estou de passagem. Forço-me a estar de passagem. É uma maneira de forçar a rotina. A rotina força-nos e, às vezes, pensamos que podemos simplesmente inverter a situação. É o que eu estou a fazer agora. De uma maneira um tanto pueril, como veremos a seguir.
Os domingos são terríveis para as rotinas. Mas a consciência da rotina raramente chega a tempo de ser planeada e devemos aproveitá-la, mesmo que chegue a um domingo. Seria mesmo um contra senso podermos planeá-la, seria um luxo podermos recusar os domingos. Estou, então, de passagem. É o estado que escolhi para estar contra a rotina. Fui ter a uma estação de comboios. Achei normal. Sentei-me no bar da estação e afastei os óculos dos olhos. Tenho agora os óculos por cima da testa. Não distingo as feições das pessoas. Vejo vultos. Vultos de passagem.