Tenho um relógio que, para mudar de pilha, precisa de ir à Suiça, Mas porquê?, pergunto eu, Com esta marca é assim, respondem-me. Ah, não sabia. As lentes que uso têm de vir da Alemanha, ou melhor, elas estão cá, depois assinalam as dioptrias com uns risquinhos na superfície das lentes e dizem-me, Agora tem de esperar oito dias. Mas porquê, perguntava eu quando comecei a usar graduação progressiva, e respondiam-me, Têm de ir à Alemanha, Ah, dizia eu. Agora já não digo, Ah. Penso, entre dentes, Vão lá à vossa vida, ó lentes alemãs. As bananas vêm aos cachos do Panamá. Que giro, já tenho ouvido dizer em certas grandes superfícies, como sinónimo de romântico, Ah, o Panamá. O vinagre balsâmico vem de Modena, onde nasceu Enzo Ferrarri e Luciano Pavarotti, vejo no Google. Se eu quisesse continuar, continuaria: o whiskey vem das Ilhas Britânicas, os livros da Amazon, o café de vários lados, etc, etc (fora as coisas que vêm da China, que é quase tudo).
E, se querem saber, eu vim de Gáfete.