17.4.09

lugar ocupado

Detesto chegar ao café e ver a minha mesa ocupada. Não é para isso que uma pessoa se levanta todas as manhãs, penso ao sentar-me na mesa ao lado, a rosnar, como o Bo na sala oval, a verdadeira causa para o dono andar under stress. Ninguém o mandou escolher um portuguese water dog para firt dog, olha agora, faça como eu, não tenha cães e beba cafés. Depois de um café sinto-me com outro raciocínio, é normal, poderão pensar os incautos, e todas as pessoas que se julgam muito espertas logo de manhã, e tanto se me dá que pensem em voz baixa, como em voz baixa. Tenho a informar que o café aqui é uma grande porcaria. Valem-me os pacotes do açúcar, que não consumo, mas com os quais me farto de aprender. Aprendo uma infinidade de coisas, todas úteis, o género de coisas que a qualquer momento pode fazer falta e, para além disso, esmero a minha educação literária, que é a consequência de ler frases com uma determinada classe: "Foi no Inverno, meu amor, que nos amámos como nunca ninguém decerto amou." - Oficina do Livro, numa livraria perto de si, um novo romance, etc.

Há pessoas que se levantam tarde. Não é o meu caso. Mais valia que fosse. Essas pessoas gastam o tempo que lhes sobra a trabalhar, a conversar, a conduzir, a escrever, nos mini-mercados, no facebook, na ponte sobre o Tejo e também a beber café. Mas nunca, nunca a ler pacotes de açucar.