20.3.08

à margem

E dou por terminada a minha visita a Marvão.
O nome de Carrilho Videira, que leio na esquina de uma rua, recorda-me tempos afastados, velhos tempos do apostolado republicano, ainda eu estudava medicina.
Por Cerros e Vales
Brito Camacho

Carrilho Videira, Marvão, 6 Novembro de 1845-Marvão, 25 de Agosto de 1905
Brito Camacho, Aljustrel, 12 de Fevereiro de 1862-Lisboa, 19 de Setembro de 1934

Eu, Carrilho Videira e Brito Camacho temos um caso. Um caso sem importância. Um caso. Gosto deles. É esse o caso. Eles não sabem. E eu própria mal os conheço.

Sei que são alentejanos e republicanos como eu. É pouco. Nunca serão marcos teóricos, vá (agora que começo a dar os primeiros passos na metodologia de qualquer coisa, convém-se praticar certos termos, ainda que a despropósito). Mas eu não me ralo com isso, quero lá saber que eles não sejam marcos teóricos. É um capricho que eu tenho, gostar de Carrilho Videira e Brito Camacho.

Não me vou esmifrar na argumentação. Admito que a minha relação com eles se resuma a uma palavra, talvez um pouco tonta para este efeito: simpatia. Pronto, já disse. É a minha forma de admiração histórica, ter assim uns heróis, uns heróis minoritários, quase esquecidos, os meus heróis de culto, que nasceram sob o mesmo sol que eu nasci, que respiraram o mesmo ar, o mesmo pó, que encontraram ao nascer uma paisagem onde interrogar os olhos.

E depois a minha rua tem o nome de um deles, vejo, pois, o nome de um deles colar-se a mim todos os dias; e de tempos a tempos folheio os livros de Brito Camacho e com ele parto pelo seu e nosso Alentejo, talvez na esperança de um dia escrever um argumento a partir daí.

E além disso, confesso, que remédio tenho eu senão confessar, quando se entra na espiral das confidências só resta esperar que não esteja muita gente a ouvir, Brito Camacho faz-me rir e é dos livros que as mulheres não resistem aos homens que as fazem rir. Mesmo agora, quando procurava as datas de nascimento e morte, fui ter a um link da revista da marinha portuguesa, onde é narrada, lá para o meio do artigo, a história do treino do leão.