4.11.11

Cláudia, quem és tu que podias ser eu?

Foi há poucos dias em frente ao casino. Eu estava ali à espera. E, vim a saber, que sob observação também. Naquele momento, porém, só estava à espera. Mesmo as mulheres pontuais chegam atrasadas. Era o caso. Como arrefecesse a cada minuto, aproximei-me da porta. Afinal, era para onde eu ia. Para o casino.  Mais tarde ou mais cedo teria de entrar pela porta. Aliás, já lá tinha estado, já sabia tudo o que tinha que saber. Para abreviar, um dos porteiros explicou-me que havia antes um welcome drink, não quereria eu entrar? Para abreviar, disse que não mas invejei-lhe o sobretudo quase até aos pés. Depois afastei-me. Não estava para estar ali à espera cheia de frio ao lado de um homem com um sobretudo até aos pés ou quase. E para mim estava fora de causa entrar no welcome drink sozinha, não que eu seja tímida, não, mas não gosto de entrar em welcomes drinks sozinha, embora este tenha sido o primeiro a que fui, porque dantes, no tempo em que eu ia a welcomes drinks, não se chamavam welcomes drinks. Nesse momento, no momento em que olhava para a noite onde não havia estrelas, nem nuvens, nem lua cheia, um homem para aí da minha idade, talvez mais novo três ou quatro anos - enfim, não que eu seja velha -, e mais alto - enfim, não que eu seja baixinha -, e mais elegante - enfim, não que eu seja anafada -,  para abreviar, um homem assaz bem parecido, nesse momento o homem pergunta-me com um sorriso bastante desenvolto, Desculpe, é a Cláudia?
Para abreviar, disse que não mas, por um momento, passou-me pela cabeça dizer que sim.