4.5.11

vinte para as 12

No relógio eram vinte para o meio dia mas para ela eram vinte para a meia noite. Era sempre assim, sempre que, por casualidade, reparava que no relógio marcavam vinte para o meio dia, para ela eram vinte para a meia noite. Tinha sido às vinte para a meia noite que atendeu o telefone e ouviu: - O teu pai morreu. Não fez nada, nem sequer se lembra de ter desligado. Estendeu o braço sobre a mesa e com a palma da mão encontrou os cigarros. Mas quis fumar e não consegiu. Tinha sido como se se tivesse esquecido de como se fumava. Desse momento, aliás, só uma coisa recorda como se fosse hoje: o relógio na parede. Eram vinte para a meia noite.