17.8.09

linha vermelha

A linha vermelha esteve encerrada sábado e domingo, os dias em que se pode andar de bicicleta no metro. Desta vez pedalei ao longo do rio, entre o acesso à expo e alcântara. O nosso rio é lindo. Não falta nem versos imortais no alcatrão nem jovens remadores sob a ponte, não falta nada ao nosso rio e na minha terra não corre nenhum rio. Além disso a linha vermelha estava fechada.

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,

O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.

E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

ALBERTO CAEIRO