Dói-me os pés e a cabeça. Isto por fora. Por dentro, uma espécie de caos, a que chamarei mental para não perder mais tempo. Como disse, dói-me a cabeça. É possível que não seja a cabeça. Se me doesse a cabeça, saberia onde a tenho. Não é o caso. Restam-me os pés.
Pelo menos, era o que eu pensava até ter começado a escrever e, por isso, escrevi Dói-me os pés. Verifico, porém, que, se assim fosse, os teria bem assentes na terra. Não é o caso. Conclusão: não me dói nada.
Isto por fora. Por dentro, um caos difuso. Mergulho nele neste exacto instante, com um pensamento quase terapêutico: de todas as palavras que utilizei até agora a que eu mais gosto é a palavra "porém". Gosto muito da palavra "porém", seguida de uma vírgula.
Também gosto de "pelo menos".