24.9.09

outro tempo qualquer

Às vezes penso que poderia viver em África, terra que me encantou como nenhuma outra, e que poderia desaparecer em África e que isso seria um final, um final sem ser um fim, que é como eu acho que devem ser os finais. Então eu desaparecia e pronto. Quando conheci África, apenas uma parte dela, num outro hemisfério, num outro oceano, pensei logo em largar o passado e prender-me ao futuro: eu poderia morrer ali, ali estava uma terra onde eu podia morrer. Não estou a ver maior elogio que alguém como eu, que já nasceu, possa fazer. Ou então podia ser a América latina. Não seria a mesma coisa, mas agora que estou a ler "O Velho expresso da Patagónia" tornou-se uma hipótese. Penso na Guatemala, no México, na Argentina, tudo belos nomes, e eu gostaria de morrer debaixo de uma bela palavra. Podemos ou não desaparecer sob as belas palavras? Aparentemente sim e eu digo sim. Mas pergunto-me se aguentaria o anonimato dessa morte. E quem diz o condicional diz outro tempo qualquer.