11.10.03

o Miguel fez ontem anos

Conheço o Miguel desde 1993. Ele era estagiário no trabalho que estávamos a fazer. Entre nós havia (e continua a haver, mas agora com menor impacto) uma diferença de idades razoável. Fizémos mais dois trabalhos juntos e ele ensinou-me uma coisa que continuo a aplicar quase religiosamente: quando acabava um trabalho que lhe esgotava o tempo e a energia comprava sempre uma prenda para si próprio. Uma prenda que valesse a pena, uma coisa que quisesse mesmo ter, e, de preferência, cara. Passei a seguir a sua receita. E ela tem-me ajudado a viver. Às vezes, é só mesmo a prenda que faz sentido, é só mesmo dela que me lembro. Apagam-se as onze, doze, treze, catorze horas de trabalho por dia, seis vezes por semana, e fica a prenda. Apagam-se as parvoíces e incompetências a que se teve de assistir muito disciplinadamente e fica a prenda. Fica uma coisa que nós dá prazer no lugar daquilo que nos causou sofrimento ou tédio ou vontade de fugir dali.
Parabéns, Miguel!